Greve prejudica estagiários

Greve/2010Estagiários de unidades em greve passam por dificuldades e mesmo assédio moral para continuar suas atividades. “O problema é que a USP está utilizando o trabalho dos estagiários para suprir mão-de-obra dos grevistas. O estagiário não pode ser explorado por falta de pessoal, e a Lei de Greve define que não se pode substituir o trabalho dos funcionários paralisados”, explica Alceu Carreira, advogado do Sintusp. 

Na biblioteca da Faculdade de Educação (FE), que continua aberta, seis dos sete funcionários da área de circulação de livros aderiram à greve. “São três estagiários cobrindo todos os trabalhadores que pararam, isso com o aval da diretoria, que quer manter a biblioteca aberta a qualquer custo”, afirma Mônica*, estagiária. “Recebemos inclusive ‘presentinhos’ da diretora em agradecimento por estarmos mantendo a biblioteca aberta”. A diretora, Miguelina Alves, justifica: “Trabalham aqui 34 pessoas. Eu não posso fechar a biblioteca inteira por conta de seis que pararam”. 

Estagiários da biblioteca da FFLCH, fechada, realizam trabalhos internos atrasados. Eles tentaram negociar com a diretoria a flexibilização dos horários para respeitar a greve dos funcionários e reduzir os custos de passar o dia no campus, uma vez que dependem de circular e bandejão – mas não houve acordo. “Flexibilizar horários depende só de boa vontade. É lamentável que as chefias não tenham capacidade de entender nossos problemas”, desabafa Edilson Cruz, do 5º ano de Letras e estagiário. 

Na Coordenadoria da Comunicação Social (CCS) da USP, alocada na Antiga Reitoria, prédio usualmente fechado em greves, já é de praxe o trabalho a distância. Os estagiários da CCS passam a trabalhar de onde der, de casa ou dos laboratórios de informática da USP, e acabam arcando também com os custos de ligações telefônicas. “Na verdade fica difícil trabalhar assim tanto para estagiários quanto para funcionários que não aderem à greve”, pondera Cristina*, estagiária do USP Online.

*Nomes fictícios

Biblioteca da FE continua aberta mesmo com a greve (foto: Mariana Franco)
Biblioteca da FE continua aberta mesmo com a greve (foto: Mariana Franco)