Reitoria afirma que invasão danificou patrimônio

Greve/2010Em resposta ao corte de ponto, o Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp) invadiu o espaço da Reitoria. O sindicato encarou a decisão, anunciada em comunicado anterior do reitor, João Grandino Rodas, como sendo uma afronta ao direito de greve.

Um grupo de funcionários forçou a entrada no prédio no dia 9 de junho e causou danos à estrutura física do local. Dentro da reitoria foi realizada uma assembleia com cerca de 350 pessoas, que decidiu pela continuidade da ocupação. Eles só pretendem desocupar o local após a restituição dos dias cortados e com a reabertura das negociações, afirmam grevistas.

A reitoria não acionou a Polícia Militar, como ocorrido na invasão do ano anterior, mas mostrou-se indignada pelo “uso abusivo de violência”. O reitor afirmou, em entrevista ao site R7, que o sindicato será levado à Justiça pelos danos causados. Ele ainda acrescentou que o nível salarial da USP é alto se comparado com a média de remuneração de fora da universidade.

O Sintusp não negou os danos causados e já se disponibilizou a arcar com as despesas. Desde o início da ocupação, diversas faixas bloqueavam a subida ao segundo andar da reitoria. Salas com equipamentos eletrônicos foram trancadas pelo comando de greve, buscando minimizar os prejuízos.

Em comunicado oficial sobre a ocupação, a reitoria garantiu também que “se mantém disposta ao diálogo, como vem fazendo desde o início de sua gestão”. Segundo o documento, o sindicato rejeitou proposta de encerrar a greve até o dia 7 de junho, em troca do pagamento do ponto cortado.

O Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Crusep) não compareceu na audiência pública marcada para o dia 10 de junho, na Assembleia Legislativa. O propósito da reunião era discutir a greve e as negociações entre universidade e grevistas.

Posicionamento de outras entidades

O Diretório Central de Estudantes (DCE) mantém o seu apoio ao Sintusp e à greve, mas não aderiu à mesma. Segundo assembleia realizada no dia 27 de maio, a massa de alunos mobilizados continua pequena. Os alunos presentes decidiram por incentivar o debate sobre as pautas de greve entre os estudantes antes de uma paralisação.

A Associação dos Docentes da USP (Adusp) também não aderiu à greve, mas seu apoio ao direito dos trabalhadores de reivindicarem melhores salários é integral.

Uma aula sobre a criação da democracia na Grécia foi ministrada dentro da reitoria ocupada pelo professor da Escola de Comunicações e Artes (ECA), Luiz Renato Martins. “É uma forma de eu me solidarizar com a ocupação e mostrar que a USP funciona melhor quando luta contra o despotismo, autoritarismo e justiça. Nada melhor que dar uma aula sobre democracia na reitoria invadida democraticamente”, afirma o docente.

Professor Luizito, da ECA, dá aula dentro do prédio da Reitoria invadida, em forma de apoio às reivindicações (foto: Nilbberth Silva)
Professor Luizito, da ECA, dá aula dentro do prédio da Reitoria invadida, em forma de apoio às reivindicações (foto: Nilbberth Silva)