Aumenta a quantidade de atendimentos complexos no Hospital Universitário

Em dois anos cresceu o número de casos complexos atendidos no Hospital Universitário (HU) da USP. Quem aponta esse dado é o superintendente do HU, Dr. Paulo Lotufo: “A complexidade tem aumentado muito. Nós medimos a complexidade pelo número de prescrições (remédios e outros itens) dos pacientes. Antes, nós tínhamos em média 5 itens nas prescrições dos pacientes internados e hoje temos 9,10 itens”.

Segundo dados do HU, fornecidos por Paulo Lotufo, o aumento de casos complexos ocorreu ao mesmo tempo em que diminuiu o total de atendimentos feitos pelo hospital de 2006 a 2010.

Contudo, o efeito dos casos complexos é mais evidente, conforme comenta o ouvidor do HU, Dr. Sérgio Gomes de Souza: “O número de atendimentos é estável, mas, se você for ver, o número de macas subiu. Por quê? Porque os casos complexos exigem uma observação maior em pronto-socorro”.

Souza ressalta que o principal afetado é o pronto-socorro. “Quando a procura é grande, o gargalo fica na entrada. Qual que é a entrada? O pronto atendimento. O ambulatório é a segunda (entrada)” diz o ouvidor.

Ele acrescenta que o HU não pode aumentar o número de funcionários para atender esse tipo de demanda, pois o hospital teria que aumentar primeiramente seu espaço físico.Porém, ele ressalva que, no momento, o HU está em suas condições máximas.

Faltam hospitais

Ana Yara, estudante da Escola de Aplicação da Faculdade de Educação (FE), alegou que o atendimento no HU vem decaindo e acredita que um dos motivos é a sobrecarga de pacientes. Ela justificou ainda que esses pacientes são advindos de hospitais públicos da região Oeste de São Paulo, que estariam os encaminhando para o HU, e da falta de Unidades Básicas de Saúde (UBS) no bairro do Butantã.

Lotufo nega que os hospitais estejam mandando pacientes para o HU e argumenta que muitas das pessoas procuram o hospital da USP espontaneamente. Mas o superintendente admite que faltam hospitais na região: “O problema não é de algum hospital que fica mandando pacientes em excesso. O problema é a falta de hospitais”.

Souza compartilha desse aspecto e acrescenta que o HU é o único hospital público geral no Butantã. Ele também destaca a necessidade de Assistência Médica Ambulatorial (AMA) mais próximo da USP: “Nós estamos brigando para que tenha uma AMA mais próxima daqui (da USP). Se eu preciso ir para o HU para ser atendido, mas é um caso para AMA e não para o hospital, para onde vou?”. A AMA mais próxima da USP é o Jardim Peri Peri, que fica na Rua João Guerra, no Butantã. Antes tinha a opção do Centro de Saúde Escola Butantã, mas ele está em reforma.

O ouvidor lembra que há poucos AMAs na região oeste da cidade, o que contrasta com o aumento da população local. “O SUS (Sistema Único de Saúde) diz que tem 400 mil habitantes no Butantã, mas tenho a impressão aumentou”, comenta.
 


Reclamações incluem agendamento e triagem

Estatísticas fornecidas pela ouvidoria do hospital indicam que o principal alvo de reclamações dos pacientes é o pronto atendimento, chegando ao pico de cerca de 70 reclamações no mês de outubro.

Mas o atendimento teve maior número de reclamações no segundo semestre de 2009, sobretudo de julho a novembro. Pronto atendimento, triagem, agendamento geral, de ambulatório e de exames foram as principais queixas. Apesar disso, Souza aponta que as reclamações sobre o agendamento aparecem porque o sistema não foi padronizado, pois alguns agendamentos ainda são feitos mediante uso de telefone.

Lotufo nega que haja muitas reclamações do atendimento e pontua que as queixas de demora nos agendamentos são relativas. Segundo ele, o tempo que as pessoas tentam agendar uma consulta e conseguem o atendimento não passa de 40 dias. Dado contrastado pelo ouvidor; 40 dias é a média do tempo de espera para se conseguir uma consulta, afirma. Mas ele ressalva: “Ainda não temos dados totais da espera para o agendamento, nem por especialidade”.

Infográfico: Problemas de agendamento no HU (2007-2010)