CoralUSP ensaia em locais inapropriados para canto

Auditório acarpetado na Colmeia prejudica ensaios (foto: Aline Senzi)
Auditório acarpetado na Colmeia prejudica ensaios (foto: Aline Senzi)

No barracão 23, próximo à Faculdade de Economia e Administração (FEA); no Auditório Carolina Martuscelli, do Instituto de Psicologia (IP); no Auditório da Colmeia, no favo 17; no Auditório Camargo Guarnieri.Em qualquer um desses locais, dependendo do horário, pode-se ouvir a cantoria vinda do ensaio de um dos doze grupos que compõem o CoralUSP.

Desde o início do ano, o Coral foi impossibilitado de continuar em sua sede no 4º andar da Antiga Reitoria. O motivo foi a transferência da atual Reitoria para o antigo prédio, proposta pelo reitor João Grandino Rodas.

Assim que soube das mudanças, a diretoria do Coral convocou uma reunião com o Conselho do CoralUSP para que fosse elaborado um documento a ser enviado para Rodas em que constassem suas necessidades. Entre elas, estava a exigência de que os grupos ensaiassem em salas pertencentes a um mesmo local, o que não foi atendido. “As nossas necessidades estão cobertas em matéria de número de espaços, mas em diferentes unidades”, diz a diretora do Coral, Diana Pozzi. Dessa forma, entretanto, os locais de ensaio variam semanalmente. “A gente tem que mandar toda semana para os alunos onde vão ser os ensaios”, afirma um dos regentes do grupo, que preferiu não se identificar.

Segundo Diana, o Coral foi avisado subitamente de que teria de sair do local para dar início às obras. “Tivemos que correr para arranjar espaço”, conta. Os locais foram decididos em colaboração com a Pró-Reitoria de Cultura e Extensão (Prceu), a Coordenadoria do Campus da Capital (Cocesp) e a diretoria do IP, e foram determinados como medida paliativa para que os ensaios não fossem prejudicados. Mas não foi o que aconteceu.

“Aqui [favo 17] não é nada ideal para trabalhar com voz. Tem carpete nas paredes e cortina. A circulação do ar não é boa. Além do som ser horrível, causa problemas respiratórios e alergias em todo mundo”, conta o regente. Já o Barracão 23, único local com acústica adequada para ensaios de naipe, em que as vozes são separadas, teria “cheiro de galinha com tinta” e por esse motivo tem sido preterido em relação aos outros. “Os coralistas estão indignados com a falta de respeito com o Coral que existe há tanto tempo”, afirma Elke Rivas, membro há cinco anos.

Ainda assim, Diana afirma que as condições não estão piores do que estavam na antiga sede. “A rede hidráulica e elétrica estavam ruins. As paredes de proteção sonora estavam comidas por ratos, então mesmo a acústica não devia estar tão perfeita asssim”, conta a diretora. “Vamos nos adequar, para daqui a dois anos estarmos num espaço dez”.

Nova sede

(ilustração: Alice Agnelli)
Como parte de um projeto da Prceu, o CoralUSP terá sede no Anfiteatro Camargo Guarnieri, mas somente após a ampliação do prédio.

Segundo Gemma Vilardell, diretora da Divisão de Projetos da Coordenadoria do Espaço Físico (Coesf), “a previsão original da Coesf era a de reformar o Anfiteatro para adequá-lo às legislações de acessibilidade, do corpo de bombeiros e às normas técnicas de instalações elétricas”.

Com o pedido da Prceu, além da reforma, deverão ser incluídos novos espaços para a realização de eventos e sede de instituições como a orquestra da USP, o Cinusp, o TUSP e o CoralUSP.

O estudo preliminar de arquitetura foi feito e submetido à aprovação da Prceu. “Ainda não há previsão de conclusão. É preciso licitar e contratar uma empresa para desenvolver o projeto e, depois, licitar e contratar outra para obra, diz Sérgio Assumpção, responsável pela Coordenadoria.

Consultada pela reportagem, a pró-reitora de Cultura e Extensão não se pronunciou sobre o assunto.