A universidade precisa reformular a política de permanência estudantil?

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Modelo atual é marcado pela carência de diálogo – entrevista com membro da Associação de Moradores do Crusp*
Vagas e auxílio-moradia poderão ser expandidos – entrevista com Hélio Nogueira da Cruz


Modelo atual é marcado pela carência de diálogo

Membro da Associação de Moradores do Crusp*

Jornal do Campus: Quais são as melhorias necessárias ao atual modelo de permanência estudantil?
Melhoria é uma palavra complicada porque dá a entender que a política de permanência está correta. É preciso rever a política de permanência estudantil. Uma política inclusiva, não de exclusão. É preciso investimento, mas também a participação dos setores interessados, dos estudantes participando do processo, da gerência da própria moradia, e dos funcionários participando da questão dos restaurantes universitários. Quando se fala de permanência estudantil, não é só moradia, mas biblioteca, moradia, saúde, restaurante, circular. Você não está envolvendo só os estudanteS, mas também os trabalhadores.

JC: A atual política carece de diálogo?
Sim, falta diálogo porque na USP os funcionários e os estudantes não têm poder de voz, praticamente. Na Coordenadoria de Assistência Social(Coseas), é nulo. Como construir uma política de permanência eficaz para os estudantes se eles não são ouvidos? Eles [a Coseas] só divulgam, e muito mal, que têm processo aberto para moradia e aí você se inscreve e só eles gerem, decidem como vai ser, fazem o processo, e não é nada transparente. A gente fica sempre à mercê disso. Como a Coseas é um órgão que se limita a administrar o número de bolsas e vagas na moradia, a gente acredita que o processo é excludente, e para ser transformado, para além de investimento e melhorias, esse projeto tem que ser alterado.

JC: Desde a ocupação do bandejão central, houve avanços no diálogo?
Não houve avanço no diálogo, mas sim um retrocesso, pois agora se fala que há um diálogo, mas não existe. Entendemos o Waldyr Jorge como um interventor do Rodas no Crusp e na Coseas. Ele tem a mesma política do Rodas de diálogo, mas até agora não sentou para negociar. Numa reunião de moradores do Crusp, foi deliberado pela ocupação do bandejão pela retirada dos alimentos. Mas por que chegamos nesse ponto? Simplesmente porque não houve o diálogo.

JC: Com a nova gestão da Coseas, que mudanças foram implementadas?
Não existe nova gestão. Consideramos que essa é a mesma gestão de antes. Existe um projeto e todo coordenador que entrar vai estar a serviço dele. Ele [o reitor] tira a Rosa Godoy, que coordenou o Coseas por mais de doze anos, e coloca o Waldyr Jorge, sem nenhum diálogo também. Ele tira uma figura, coloca outra que está a serviço do mesmo projeto. Continua faltando vaga, continua a mesma condição do bandejão, continua tudo igual, então, o que mudou?

* O entrevistado preferiu não se identificar.

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Vagas e auxílio-moradia poderão ser expandidos

Hélio Nogueira da Cruz é vice-reitor da USP.

Jornal do Campus: O que pode ser feito para atender às demandas dos alunos que dependem da assistência da universidade?
Hélio Nogueira da Cruz: Precisamos avaliar as políticas implementadas no passado para promover possíveis mudanças nos problemas identificados. Além da ampliação das vagas, em curso, o auxílio-moradia poderá ser expandido para melhor atender às demandas.

JC: O atual orçamento supre as necessidades dos estudantes atendidos pela USP?
HNC: O atual orçamento, com a Política de Permanência e Formação Estudantil é de R$87.954 mil, ou seja, quase R$88 milhões para 2010, com crescimento significativo em relação aos valores orçados em anos anteriores: R$55.314 milhões, em 2007, R$77.830 milhões, em 2008 e R$85.696, em 2009. É um valor expressivo, que deve atender à boa parte das necessidades dos alunos. A USP oferece também 875 vagas de moradia estudantil e em 2009, atendeu 2552 alunos com o financiamento completo das refeições. Estes valores procuram atender às necessidades dos alunos e foram definidos a partir das disponibilidades de recursos da USP.

JC: Como é definida a política de permanência estudantil? Há participação dos alunos?
HNC: A política é definida por uma comissão composta pela vice-reitoria, pela Coseas, pelas Pró-Reitorias e representantes discentes do Diretório Central dos Estudantes, da Associação de Pós-graduandos e das moradias estudantis da capital e do interior, entre outros órgãos. A política é analisada pela USP, inclusive nos aspectos orçamentários, que é aprovado, anualmente, pelo Conselho Universitário.

JC: Como estão as negociações entre o Crusp e a Coseas para promover mudanças na politica de permanência?
HNC: A Coseas está, como sempre, aberta ao diálogo e a ocupação contrariou as práticas de negociações democráticas e tornou a discussão mais difícil. Esta gestão reitera os esforços para manter o diálogo aberto e transparente.

JC: A procura pelo Inclusp diminuiu nos últimos anos conforme apuramos. A atual política de inclusão está desinteressando os alunos de baixa renda a procurar a USP?
HNC: Esse assunto está sendo avaliado pela Pró-Reitoria de Graduação, comapoio da base de dados da Fuvest.

JC: A permanência do aluno na Universidade é hoje uma das prioridades da gestão Rodas?
HNC: O compromisso com o atendimento às necessidades da sociedade, a formação de alunos e a excelência acadêmica estão dentre as mais altas prioridades desta gestão.

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