Atletas enfrentam problemas para nadar no inverno

Piscinas do CEPE vazias durante o inverno (foto: Divulgação)
Piscinas do CEPE vazias durante o inverno (foto: Divulgação)

O Centro de Práticas Esportivas da USP (Cepeusp) é um complexo poliesportivo que oferece à comunidade universitária uma grande variedade de atividades físicas, esportivas e de lazer. Apesar de sua infra-estrutura, que conta com uma piscina olímpica, tanque para saltos e conjunto de piscinas múltiplas (uma de 50m e duas de 25m), o conjunto aquático estava fechado desde o fim de junho, o que acontece devido ao fato de que as piscinas não são aquecidas, impossibilitando o treino dos atletas durante todo o inverno.

Segundo a FINA (Federação Internacional de Natação Amadora), a temperatura da água da piscina recomendável para natação deve estar entre 25 e 28 graus.

Carolina Magalhães é assistente de direção do CEPE e diz que “em termos legais, algumas mudanças estão acontecendo quanto a temperatura mínima permitida a banho e atividades em piscinas públicas. A lei mais antiga e em vigor, chamada de Guanabara, estipula em 18 graus a margem de segurança para atividades em meio aquático que não tragam prejuízos a saúde (risco de hipotermia). Em caráter de experiência, o conjunto foi aberto neste ano em 10 de agosto, diferente da habitual abertura na Semana da Pátria, para banho de sol. De toda forma, nossos salva-vidas estão orientados a não permitir que ninguém utilize a água nessa temperatura. Estamos levantando as mudanças legais.”

Com o conjunto aquático fechado, os atletas de natação da USP são obrigados a procurar alternativas, como explica Tânia Fioratti, estudante de Relações Públicas da Escola de Comunicações e Artes (ECA). “A gente vai treinar fora da piscina do CEPE mais ou menos em abril. Ela só fecha no  começo de junho, mas em abril já é muito difícil ficar lá para treinar porque a água é fria demais”.

Com a falta de aquecimento das piscinas, os atletas treinam em uma academia fora da universidade, o que traz gastos para as atléticas e para os próprios alunos. “A solução que encontramos é treinar na piscina de uma academia que fica perto da USP, na Corifeu. Todas as atléticas da USP vão pra lá. Depois cada time paga o aluguel das raias que usamos. Alugamos por hora e pagamos um preço fechado por isso. É bem carinho, aliás”, explica Tânia.

Paulo Reimberg, atleta de natação, destaca a falta de apoio da universidade para com os nadadores, independente da época do ano. Ele ressalta que mesmo nos períodos em que o conjunto aquático do CEPE está disponível, a LAAUSP (Liga Atlética Acadêmica da USP), geralmente enfrenta lentidão para reservar as piscinas. E diz também que até mesmo eventos, como o Bixusp, são organizados com recursos de cada uma das atléticas.

Segundo Pascoal Luiz Tambucci, assistente de comunicação do CEPE, a Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) tem uma piscina aquecida, assim como alguns clubes da região, como o Hebraica ou o Clube Pinheiros, aos quais as atléticas encaminham alguns dos atletas. Alguns destes clubes são pagos, mas esta política não é administrada pelo CEPE. Tânia conta que “no caso da ECA, quem paga o aluguel é a atlética, mas eu sei que em outras faculdades o custo do aluguel é revertido na ‘mensalidade’ dos atletas (taxa para pagar técnicos e equipamentos)”.

Mas o que prejudica os atletas não é apenas o dinheiro gasto. Muitas coisas acabam atrapalhando os treinamentos como trânsito e tempo. “Muita gente fica desmotivada, porque o lugar é fora da USP e tem o deslocamento até lá. As pessoas se organizam para ter carona para sair da USP e chegar lá, mas sempre tem atraso e trânsito, é péssimo. As pessoas perdem bem mais tempo pra chegar lá e voltar pra universidade, assim o treino dura 1 hora, mas, se somar o tempo que a pessoa perde para ir até lá e voltar, dá umas duas.