Burocracia é obstáculo para cursar optativas

Falta de uma organização comum à USP e de comunicação entre professores e unidades também atrapalha a graduação dos alunos

Processos burocráticos e questões internas das unidades da USP podem causar sérios transtornos na hora de o aluno montar sua grade horária com optativas. Muitos sentem-se prejudicados – a seu ver, de forma injusta – por situações que os impedem de cursar as disciplinas que desejavam. Mesmo  quando há “vagas USP” remanescentes, por exemplo, o aluno não pode cursar a matéria se as vagas destinadas à sua unidade já tiverem sido preenchidas.

Universidade X Unidades

Cada unidade da USP tem autonomia para decidir sobre optativas e prazos para responder requerimentos. Assim, o aluno  não tem certeza sobre as possibilidade reais de cursar a disciplina, porque o processo é relativamente diferente em cada lugar. Na ECA, não existe remanejamento de vagas e os requerimentos para matérias não-optativas (que podem ser feitos pelo JúpiterWeb) são automaticamente negados – nem chegam ao professor. “Não há remanejamento porque senão o prazo não terminaria nunca”, conta Antonio Carlos Costa, diretor de apoio ao ensino e à pesquisa da ECA. Entretanto, Sérgio Orsini, diretor do Serviço de Apoio Técnico à Graduação (SATG), disse que seria possível implantar um sistema de remanejamento automático no Júpiter: “Só precisamos definir o critério mais justo possível. Tendo isso, dá pra fazer”.

Já em outras faculdades como a FFLCH e a FAU, é possível ter aulas em disciplinas que nem são optativas, mas são aceitas por requerimento. Assim, o aluno fica oficialmente matriculado.  Na FD, estudantes reclamam que quando querem fazer optativas na Cidade Universitária geralmente precisam do requerimento. A disparidade de datas para resposta entre as unidades atrapalha a vida do aluno, que até o final do primeiro mês de aula ainda não sabe sua grade horária. “A unidade da disciplina é que decide tudo”, diz Orsini. “O Júpiter não manda nada, só obedece”. E, infelizmente, não existe uma data limite para a resposta.

“Tudo depende do professor”

Desde o tipo da disciplina (optativa livre ou eletiva) até o número de vagas, tudo é planejado pelo docente e depois aprovado ou não pela Coordenação do Curso (CoC) ou pela Comissão de Graduação (CG). Arlindo Ornelas Figueira Neto, presidente da CG da ECA, disse que o número de vagas é decorrente do interesse pela disciplina, da capacidade didática do professor ou do espaço físico: “Se o professor acha que consegue acompanhar efetivamente vinte alunos no máximo, então não haverá mais de vinte vagas. Se é uma disciplina que vai precisar de trinta computadores e só há esse número disponível, não pode haver mais de trinta vagas”.

Segundo Carlos Costa, “o professor pode decidir para qual unidade quer oferecer a disciplina: FFLCH, FEA, IME ou USP”. Isso permitiria o intercâmbio de vagas entre disciplinas relacionadas, porém de cursos diferentes. Mas a falta de diálogo entre as unidades e professores é por vezes um obstáculo a essas medidas, capazes de dinamizar os cursos de graduação e torná-los melhores.

JúpiterWeb planeja melhorias

O Serviço de Apoio Técnico à Graduação prevê a implantação do requerimento e da retificação online já em fevereiro de 2011, revela Sérgio Orsini, após três anos de tentativas. O problema técnico impediu o avanço durante esse tempo, porque o JúpiterWeb era incapaz de suportar as demandas do alto número de usuários. O novo recurso passou recentemente por testes na Poli, na Química de São Carlos e na Esalq.


Indeferido. Como recorrer?

Se tiver o requerimento negado, o aluno pode recorrer até dez dias depois que soube da decisão no Júpiter. Para isso, precisa ir até a secretaria de graduação da sua unidade e pedir para fazer o recurso.

A decisão pode percorrer até três instâncias:

  • Comissão de Graduação: com representantes discentes e docentes apenas da graduação;
  • Congregação: com representantes discentes e docentes da graduação, da pós graduação e funcionários;
  • Conselho de Graduação: presidido pelo pró-reitor, com um representante docente de cada unidade da USP, mais um representante dos museus e um dos institutos, mais a repreentação discente.