Reitoria é desigual no tratamento à mídia

Rodas concedeu 16 entrevistas para a grande mídia. Procurado pelo Jornal do Campus cinco vezes em 2010, não houve resposta

A assessoria de imprensa do reitor, João Grandino Rodas, foi procurada cinco vezes pelo Jornal do Campus para o agendamento de entrevistas desde que ele assumiu a gestão, no começo do ano. Em todas as ocasiões, a assessoria declarou que o pedido fora enviado e era preciso aguardar a disponibilidade de agenda do reitor. Até agora, a agenda não teve espaço para o JC.

No mesmo período, o reitor deu 16 entrevistas para 11 veículos diferentes da grande mídia: TV Globo, Bandeirantes, Cultura, Rede Vida, Assembléia, rádio CBN, Jovem Pan, Bandeirantes, Folha de São Paulo, Estado de São Paulo e portal R7, da Record. De acordo com os próprios jornalistas dos veículos, a maioria dos contatos foi realizado por telefone cedido pela assessoria, em poucas horas.

Para as TVs Bandeirantes e Globo, que fizeram as entrevistas pessoalmente com Rodas, o tempo entre contato e o encontro com o reitor não ultrapassou um dia, e em momentos conturbados da gestão (logo após a invasão da reitoria e durante a crise na faculdade de Direito).

Questionada, a assessoria da USP respondeu que dá o mesmo tratamento para o Jornal do Campus, “veículo de grande importância dentro de nossa Universidade”, e mídias externas à USP, e que os encontros dependem apenas da disponibilidade de sua agenda.

Em sua campanha para a reitoria, Rodas definiu como prioridade de gestão a comunicação com as diversas entidades da universidade. Em entrevista para o jornal institucional da USP em novembro de 2009, Rodas declarou suas prioridades como novo reitor: “em primeiro lugar vem o diálogo, em segundo, a transparência”.

Contato com o reitor

Nas duas ocasiões em que o Jornal do Campus de fato conseguiu falar com João Grandino Rodas para alguma matéria, não foi através de sua assessoria.

Na primeira, ele foi esperado pelo repórter no corredor do prédio da Administração Central, na saída de uma reunião com a Associação de Docentes. Na outra, pelo seu telefone pessoal. Na primeira ocasião, ele declarou que não havia sido informado pela sua assessoria em nenhum momento sobre a intenção de entrevista. Em resposta, a assessoria declarou que havia encaminhado o pedido ao reitor e não sabia o que havia ocorrido.

Em junho, João Grandino Rodas chegou a confirmar uma entrevista com o jornal, com uma semana de antecedência. No dia combinado, o encontro foi desmarcado através de sua assessoria, novamente sob a alegação de agenda lotada.

Falta de diálogo

Não só em pedidos de entrevistas a assessoria de imprensa da reitoria deixou de dar satisfações ao Jornal do Campus. Em matéria sobre acusação de uma possível agressão de guardas universitários a alunas e moradoras do Crusp, publicada na edição da primeira quinzena de maio, a reitoria se negou a esclarecer se havia iniciado processo de apuração formal sobre o caso. A USP negou as agressões, mas não deu satisfação sobre o processo de investigação utilizado.

Na época da crise das bibliotecas e da nomeação das salas na Faculdade de Direito, também foi feita uma requisição de contato com o reitor, que não houve resposta. O mesmo ocorreu na época da publicação de texto homofóbico no jornal O Parasita, de alunos de Farmácia.

Questionada sobre o fato, a assessoria de imprensa alegou que “foi enviado um longo texto escrito pelo próprio reitor sobre as questões”. O objetivo das entrevistas era esclarecer afirmações de Rodas nos próprios textos enviados.
(ilustração: Hugo Neto)