“Só não dirigi avião”, brinca João Marcos Amaral, motorista da USP que estréia na seção Perfil

Bastaram poucos minutos dentro do Sintusp para passarem por lá umas quatro ou cinco pessoas que o cumprimentaram: “E aí, Amaral?”. Com um sorriso meio tímido, meio descontraído, ele respondeu educadamente a todos. De onde vem tanta popularidade?

João Marcos Amaral, 46 anos, trabalha na Seção de Transportes da Cocesp (Coordenadoria do Campus da Capital) há 9 anos. Chegou ao seu cargo depois de passar em um concurso público com quatro vagas e 150 concorrentes.

O serviço a ser realizado no dia-a-dia varia de acordo com a demanda do Campus. Há meses que ele dirige o Circular diariamente, enquanto há outros, que o dirige poucas vezes. “Posso dirigir um caminhão pipa destinado a molhar o local das obras, por exemplo”.

Não dirigir apenas um tipo de veículo é opção do próprio Amaral, que prefere “rodar” nas funções. “Sou mil e uma utilidades. O que precisar dirigir eu dirijo. Até porque, se eu precisar trabalhar fora, preciso saber dirigir o que vier”.

Amaral cumpre uma jornada de trabalho das 6 às 15 horas, de segunda à sexta-feira. Nos dias em que conduz o Circular, roda oito vezes ao redor da USP. E não adianta insistir, ele não para fora do ponto. “Se eu parar e acontecer alguma coisa, eu sou o culpado”, explica. “Além disso, meu compromisso é com quem está lá dentro do ônibus e quem está lá tem pressa para chegar ao seu lugar. Não posso ficar parando sempre que pedirem”.

Vida Profissional

Há 27 anos Amaral trabalha como motorista. Aprendeu a dirigir com seu pai, aos sete anos. “Dirigia dentro do pátio onde ele trabalhava na funilaria, pintura e mecânica de ônibus”, esclarece.

Aos 19 anos ingressou na profissão quando passou a trabalhar como motorista de uma gráfica: “Até tentaram me botar para trabalhar dentro da gráfica, mas eu não gosto de ficar trancado”, comentou. Antes de entrar na USP trabalhou em empresas como Urubupungá e Companhia Municipal de Transportes Coletivos (CMTC) de São Paulo, onde dirigiu ônibus articulados, de dois andares e trólebus. Amaral brinca: “Só não dirigi avião”.

Quando indagado se gosta da profissão, responde sem titubear: “Eu amo o que faço. Minha vida é relacionada à roda”. Seu esporte favorito, por exemplo, não é o futebol. É corrida. De Fórmula 1, carro, caminhão ou moto. Quando está na internet procura novidades sobre carros e caminhões. E nas horas vagas, gosta de andar de skate ou patins: “Sem fazer manobras radicais”, afirma.

Sobre o estresse que o trânsito costuma causar, Amaral é enfático: “Volante, pra mim, é terapia e me acalma.” Frase que realmente condiz com seu jeito de falar e andar, sempre calmo e sem pressa.

Fora do trabalho

De sua vida pessoal, Amaral não gosta muito de falar. É evangélico praticante e se define como uma pessoa família e caseira. Tem dois filhos, foi casado por 20 anos, mas prefere não falar sobre o motivo da separação. Sobre casar de novo ele diz nem pensar: “Se casamento fosse bom não tinha testemunha”, ironiza com aquele mesmo sorriso de sempre, que revela sua própria maneira de ser: tímida e descontraída.


João M. Amaral (foto: Juliana Cruz)
João M. Amaral (foto: Juliana Cruz)

Ficha

Nome: João Marcos Amaral
Data de nascimento: 5 de maio de 1964
Na cidade de: Osasco, onde ainda mora
Profissão: motorista da Seção de Transportes da USP
Gosta de: cozinhar, principalmente doces, sendo sua especialidade bombocado
Não gosta de: política
Frase preferida: “Não tenho tudo que quero, mas amo tudo que tenho”.