70% dos Circulares não circulam, diz pesquisa

Alunos da Poli iniciaram estudo para melhorias no sistema de transporte interno da Cidade Universitária; burocracia é obstáculo

Para avaliar o transporte gratuito da USP e melhorar sua eficácia, alunos da Engenharia Civil estão encabeçando uma pesquisa com o apoio da Cocesp (Coordenadoria do Campus da Capital), que teve início nos dias 17 e 18 de agosto. A partir dos dados coletados, os estudantes irão propor mudanças operacionais (verificação do itinerário, tamanho da frota, frequência e tempo de espera) e de gestão (custo do sistema circular e como pode ser melhor utilizado).

Segundo dados da Coordenadoria, o sistema conta com 20 veículos e foi concebido para que 8 estejam em circulação por dia. Porém, nos dois primeiros dias da pesquisa, o número de ônibus em circulação era 6 e 5, respectivamente, sendo que 14 estão na oficina.

O engenheiro Suketeru Nagamine, da Divisão Técnica de Serviços de Infra-Estrutura da Cocesp, confirma que, na maior parte do tempo, há apenas 6 veículos em operação. Segundo ele, o efeito na tabela de horários é que, originalmente, os ônibus partiriam do ponto final a cada 10 minutos mas, nas condições atuais, eles partem a cada 15 minutos. Afirmou também que houve mais problemas mecânicos e quebras em agosto, pois os circulares permaneceram meses parados durante a greve. Além disso, há apenas 23 motoristas contratados, um contingente que não dá conta das necessidades das duas linhas. No entanto, a Coordenadoria não pode admitir mais motoristas no momento por impedimento do artigo 73 da Lei Federal nº 9504, que proíbe a contratação de servidores públicos três meses antes das eleições.

Para repor peças e consertar um ônibus, a USP precisa seguir a Lei Federal nº 8666, que institui normas para licitações e contratos da administração pública. Para cada compra, é preciso abrir um processo, fazer licitação, pregão e também correr o risco de não ter nenhum fornecedor, pois são muitas as irregularidades que podem impedir uma empresa de participar da concorrência. Por isso, o tempo mínimo que um circular passa na oficina é de 15 dias, para compras pequenas, e pode chegar até 60 dias, para compras de maior valor.

Até o fim deste ano, quatro ônibus serão retirados de circulação. São os mais antigos, comprados em 1998, que podem ser diferenciados pela pintura amarela e azul. Assim, a frota vai diminuir para 16 ônibus, que datam de 2003 adiante.
Infográfico: O Circular em números