Candidatos à presidência apresentam suas propostas para a educação

Aumento da parcela do PIB direcionada ao ensino, cotas nas universidades, programas de bolsas de estudo e condição dos docentes da rede pública foram temas discutidos pelos presidenciáveis
Índice

Marina Silva (PV) por Raíssa Pascoal
José Serra (PSDB) por Stephanie Noelle
Dilma Roussef (PT) por Stephanie Noelle
Plínio Arruda (PSOL) por Andressa Pellanda
Zé Maria (PSTU) por Stephanie Kim Abe
Levy Fidelix (PRTB) por Stephanie Kim Abe
José Maria Eymael (PSDC) por Raquel Torres
Rui Costa Pimenta (PCO) por Andressa Pellanda
Ivan Pinheiro (PCB) por Raíssa Pascoal


Marina Silva (PV)

por Raíssa Pascoal

Marina Silva (ilustração: Stefano Azevedo)
Marina Silva (ilustração: Stefano Azevedo)

Segundo a coordenadora das propostas de educação no programa de governo de Marina Silva, Neca Setúbal, a parcela do PIB destinada à educação saltaria de cerca de 5% para 7%, com a diminuição de gastos públicos e punição da corrupção. Assim, outro setor não precisaria sofrer com a redução de verba.

A ideia central das propostas é uma parceria entre escolas do ensino básico e universidades públicas para que, com a formação de professores qualificados por essas instituições, diminua a carência de profissionais no setor e, consequentemente, a evasão de alunos nas escolas. Para tanto, ela defende licenciaturas curtas em universidades e uma visão sistêmica de formar professores e reformular os currículos, com a intenção de deixá-los mais atrativos. Portanto, o incentivo à entrada de alunos de ensino médio no superior é primordial segundo as propostas de Marina, que propõe um acesso mais democrático ao ensino superior, por meio de ações como a ampliação do ProUni.

Marina Silva acredita que a extensão universitária deveria ser parte do currículo. De acordo com as propostas publicadas em seu site, a candidata acredita que a extensão está relacionada à função social da universidade como forma de devolução para a sociedade daquilo que é investido.


José Serra (PSDB)

por Stephanie Noelle

José Serra (ilustração: Stefano Azevedo)
José Serra (ilustração: Stefano Azevedo)

José Serra institui como mastro de suas propostas para educação a implantação do ProTec. O nome não é coincidência, e faz referência ao ProUni, programa criado por Lula.
No ProTec pretende-se que o aluno tenha bolsas de estudos integrais ou parciais para cursos técnicos. O governo fará o cadastramento e a avaliação das instituições de ensino que participarão do programa, para que a qualidade e os cursos sejam adequados à vocação da região onde os beneficiados moram. Assim, o aluno poderá se especializar em uma área de interesse das empresas contratantes. O candidato pontua que as famílias que recebem o programa Bolsa Família terão acesso especial ao programa.

Para reforçar o aprendizado em sala de aula, Serra espera colocar dois professores por classe de primeira série do Ensino Fundamental. E assim como já é feito no estado de São Paulo, Serra pretende distribuir cem milhões de livros por ano para professores e alunos a partir do 5º ano do Ensino Fundamental. “A leitura incentiva a cultura, o raciocínio e ajuda na melhora da educação que é um dos nossos grandes objetivos”, esclareceu o candidato. O programa custou ao Estado de São Paulo 60 milhões de reais, e espera desenvolvê-lo na esfera federal pelo custo de 450 a 500 milhões de reais.


Dilma Roussef (PT)

por Stephanie Noelle

Dilma Roussef (ilustração: Stefano Azevedo)
Dilma Roussef (ilustração: Stefano Azevedo)

Dilma finca suas propostas para a educação na base já construída com o Governo Lula. Pretende-se manter essas diretrizes e ampliar os recursos para o setor – de 5,1% do Produto Interno Bruto (PIB) para 7%, sem detalhar como isso será feito, e manter o Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica e Valorização do Magistério (FUNDEB).

Quanto às novas propostas, destacam-se a valorização do profissional da educação, pois segundo a candidata “Não se faz ensino de qualidade sem professor bem pago, valorizado e respeitado” e a promoção da inclusão digital, com banda larga e produção de material pedagógico digitalizado.

A construção de seis mil creches até 2014 também estão nos planos da candidata – uma pesquisa de Junho/2010 realizada pelo Ministério da Educação (MEC) e pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) mostrou que apenas uma em cada cinco crianças de zero a três anos tem acesso a creches no país – bem como a ampliação do Programa Mais Educação (programa de educação integral) para 32 mil escolas (estima-se que até o final desde ano 10 mil escolas farão parte do Mais Educação). E para assegurar o acesso a universidade às minorias como indígenas e afro descendentes, a candidata se coloca a favor das cotas raciais e socioeconômicas.


Plínio Arruda (PSOL)

por Andressa Pellanda

Plinio Arruda (ilustração: Stefano Azevedo)
Plinio Arruda (ilustração: Stefano Azevedo)

Plínio é o quarto candidato com mais intenções de voto para a presidência da república, segundo o Datafolha. Suas propostas para a Educação, porém, seguem uma linha diferente da dos candidatos a sua frente nas pesquisas. O presidenciável propõe que 10% do PIB brasileiro seja dedicado à educação. Para tal, ele defende a auditoria do pagamento da dívida pública.

Formado em Direito pela USP, foi também professor, portanto acredita na necessidade de salários mais altos para os docentes, com turmas menores para facilitar o ensino, e tempo de dedicação à preparação de aulas contando como tempo de trabalho. “Quando eu dava aulas na universidade, eu levava mais tempo preparando uma aula do que a aula. Professor tem que ter salário adequado e, mais que isso, professor tem que ter status. Esse país está tão deteriorado. O professor é um coitado. Isso não está certo. Isso nós vamos acabar”, explica.

Em relação à educação pública, ele é direto: “Escola pública em todos os níveis e para todos. Dinheiro público financiando única e exclusivamente escola pública. Investimento privado em educação não pode. A educação não pode ser mercadoria. Esse é o princípio. A educação interessa ao povo brasileiro e interessa a cada um de modo que toda escola será uma escola pública”.


Zé Maria (PSTU)

por Stephanie Kim Abe

Zé Maria (ilustração: Stefano Azevedo)
Zé Maria (ilustração: Stefano Azevedo)

O candidato pretende destinar de 10 a 15% do PIB nacional para promover as suas propostas educacionais, que se constituem em três bases: acabar com as instituições privadas, democratizar o sistema de ensino e construir novas escolas, creches e faculdades. Segundo Zé Maria, a educação é essencial, e não uma mercadoria. Trata-se de uma “necessidade” do povo que não se resolve de maneira isolada. “Não há possibilidade da criança aprender se o pai está desempregado, bate na mãe”, explica o candidato.

Para ele, o problema de verba brasileira se encontra no pagamento dos juros da dívida externa, que soma 37% do orçamento nacional. Por isso, defende a sua suspensão: “não estou preocupado com a bolsa de valores, mas sim com os trabalhadores, com as condições do povo brasileiro”.

O candidato defende também o fim do ProUni, já que as faculdades privadas passariam para domínio público, garantindo que todas as pessoas tivessem acesso ao ensino gratuito. Em relação aos professores, o candidato pretende aumentar o salário mínimo para cerca de R$ 2100 e diminuir a jornada de trabalho, para que eles estejam disponíveis para ir em congressos e palestras, além de cursos de especialização, valorizando essa categoria profissional.


Levy Fidelix (PRTB)

por Stephanie Kim Abe

Levy Fidelix (ilustração: Stefano Azevedo)
Levy Fidelix (ilustração: Stefano Azevedo)

Para Levy Fidelix, o problema da educação no Brasil está na questão da verba orçamentária. “Dá-se muito dinheiro para os bancos”, defende ele, referindo-se aos 200 bilhões de reais que o país gasta com juros bancários. Para poder investir na educação, o candidato pretende reduzir a taxa Selic para cerca de 7 ou 8% e destinaria 1% dos recursos do pré-sal para o setor de ensino. Com essa verba, ele investiria na capacitação e valorização dos professores com um aumento de duas a três vezes nos salários, além do investimento em tecnologia e aprimoramento de docentes.

O candidato também defende a eliminação das cotas raciais nas universidades, que ele considera discriminatórias. Além disso, Fidelix tem como uma das prioridades de governo o investimento no estudante recém-formado, por meio do Banco da Juventude. O programa seria uma espécie de BNDS voltado para recém-formados, que destinaria recursos para financiar as atividades e iniciativas de jovens como alunos de direito que quisessem abrir seu próprio escritório de advocacia ou dentistas que precisam de ajuda financeira para montar um consultório. “Quero bancar o cara no início da sua formação”, explica o candidato. Os pagamentos seriam feitos durante 10 a 15 anos.


José Maria Eymael (PSDC)

por Raquel Torres

José Maria Eymael (ilustração: Stefano Azevedo)
José Maria Eymael (ilustração: Stefano Azevedo)

O candidato afirma que a sua principal diretriz nas propostas de governo é “construir um país onde as oportunidades sejam iguais para todos”, o que, para ele, relaciona-se diretamente com a educação. Segundo Eymael, entre suas realizações como deputado está a criação da emenda constitucional que possibilitou o desenvolvimento do ProUni. O candidato acredita que programas de bolsas de estudo são essenciais e aproximam os cidadãos da igualdade que ele prega.

As propostas de Eymael centram-se na implantação da internet banda larga livre (Projeto Sociedade do Conhecimento) e na preparação das escolas para portadores de necessidades especiais. Dentre as demais propostas, o candidato dá atenção ao aumento de vagas em cursos públicos (técnicos e superiores) e também à implantação de pólos de graduação à distância.

Eymael dá muita ênfase à importância da melhoria da condição de trabalho dos professores. “Hoje em dia temos uma política omissa em relação aos professores e esse é um nó que precisa ser desatado”, esclarece o candidato, defendendo aumento salarial e incentivos à permanência da classe no setor público. No entanto, em suas 14 propostas para a educação no governo, não há nenhuma voltada especificamente aos docentes.


Rui Costa Pimenta (PCO)

por Andressa Pellanda

Rui Costa Pimenta (ilustração: Stefano Azevedo)
Rui Costa Pimenta (ilustração: Stefano Azevedo)

O candidato critica a “deterioração do ensino superior”, que é, segundo ele, direcionado para o ensino técnico e para as demandas empresariais. Rui acredita que a verba deve ser direcionada para as universidades públicas e que as privadas devem ser extintas. “A maior parte da pesquisa nacional está concentrada no ensino público e, portanto, é aí que deveria haver o investimento”, acrescenta.

Além disso, propõe livre acesso à universidade, eliminando o vestibular. Para tanto, é preciso que haja uma mobilização dos estudantes e da população: “Só uma consciência muito grande dos próprios estudantes pode operar essa modificação”.


Ivan Pinheiro (PCB)

por Raíssa Pascoal

Ivan Pinheiro (ilustração: Stefano Azevedo)
Ivan Pinheiro (ilustração: Stefano Azevedo)

Ivan acredita que a reforma do ensino deve atender aos interesses da população. Dentre suas propostas está a criação de formas de controle social das instituições públicas e privadas, com uma legislação que amplie a representação de diversos segmentos da sociedade.

Ivan acredita que o ensino superior e a educação básica devam se relacionar para suprir a carência de professores qualificados em escolas. Segundo Camila Curado, assessora de imprensa do candidato, melhores condições para a extensão universitária são importantes para atender às demandas da sociedade.