Paulo Skaf propõe pagamento de mensalidade, mas afirma querer manter o ensino público e gratuito

Jornal do Campus: Quais são as propostas para o ensino superior?
Paulo Skaf: Desde o início da campanha, tenho estimulado um debate sobre as universidades públicas estaduais e usei a USP como exemplo de excelência acadêmica e científica para discutir o retorno social dos formandos dessas universidades. O caso mais emblemático é o dos cursos de Medicina. O Estado gasta por ano um valor alto com cada estudante de Medicina das universidades públicas de São Paulo. Depois, esse aluno se forma, abre um clínica particular e passa a cobrar para atender. Nada contra essa opção, mas qual é a contrapartida que esse estudante oferece pelos gastos que o Estado teve para que ele se tornasse médico? Uma solução é fazer com que o recém-formado preste serviços à sociedade. Para os casos em que isso não for possível, poderia haver cobrança de mensalidade dos que têm condições de pagar. Esse dinheiro seria usado pelo Estado para oferecer melhores serviços à população. Asuniversidades públicas estaduais também precisam aumentar sua participação no número de alunos que cursam o ensino superior em São Paulo, já que a quantidade de pessoas em idade universitária cresce constantemente. É necessário ainda identificar se há ociosidade. Com mais eficiência, é possível aumentar o número de vagas nas universidades públicas estaduais. Em tudo isso, a minha relação com as universidades vai ser regida pela respeito à autonomia universitária.

JC: Pretende direcionar mais verba ou melhorar a distribuição para as universidades públicas?
PS: As universidades públicas estaduais conquistaram sua autonomia financeira, recebendo um percentual fixo sobre a arrecadação do Estado de São Paulo. Vou respeitar essa autonomia e trabalhar para aprimorar a gestão e a fiscalização tributária, fazendo com que a receita tributária do Estado aumente e, conseqüentemente, os recursos para as universidades públicas.

JC: O candidato pretende manter o ensino público e gratuito na USP?
PS: Claro! A USP é um patrimônio público de São Paulo e do Brasil. Não teria nenhum sentido mudar a condição da USP de universidade pública. O que fiz, como já mencionado, foi lançar outro debate, sobre o ressarcimento à sociedade do investimento feito pelo Estado São Paulo em cada aluno que se forma nas universidades públicas estaduais. E usei os cursos de Medicina como exemplo. É justo que faltem médicos na rede pública estadual enquanto os que se formam nas universidades públicas de São Paulo abrem suas clínicas particulares e cobram pelo atendimento? Repito: nada contra essa opção, mas é necessário discutir alguma contrapartida ao investimento feito pelo Estado no aluno.

JC: Como o candidato vê o processo de escolha do reitor da USP pelo governador?
PS: A escolha do reitor é uma questão definida pela comunidade universitária e ratificada pelo governador. Respeito a autonomia universitária e, em conseqüência, todas as decisões tomadas pelas universidades públicas estaduais. Agora, essa autonomia não significa liberdade para fazer o que quiser, já que as universidades são instituições públicas que precisam prestar contas à sociedade.

JC: Conhece o trabalho do atual reitor? Como é a relação político-ideológica com ele? Como pretende dialogar com o Rodas?

PS: Conheci o professor Rodas antes de se tornar reitor, como eminente advogado e profissional da área do Direito. Pretendo dialogar com o reitor da USP e de todas as universidades públicas de São Paulo com o respeito que essa função merece do governador e de toda a sociedade.

JC: As gestões anteriores foram satisfatórias na relação com as universidades? Como pretende mudar caso não tenham sido?

PS: As universidades públicas estaduais são autônomas. Os governos paulistas, sejam quais forem, não têm muito espaço para fazer algo diferente na relação com as universidades, o que é bom que seja assim. No caso da USP, tenho acompanhado sua gestão como empresário e presidente da Fiesp, do Sesi-SP e do Senai-SP, cargos dos quais me licenciei para disputar as eleições em São Paulo. A Fiesp está representada no Conselho Universitário da USP. Na presidência da entidade, sempre tive informações elogiosas sobre a USP. Como governador, então, vou respeitar sempre as decisões das universidades e cuidar para que, como instituições públicas, elas prestem contas à sociedade.

JC: Como o candidato vê a questão da entrada da PM no Campus, tanto para conter as manifestações grevistas como para garantir maior segurança aqui dentro?

PS: Sei que a presença de policiais no campus é um problema bastante sensível para a comunidade universitária e também que a polícia só entra no campus quando solicitada pela Reitoria e autorizada pelo governador. Respeitando a autonomia universitária, vou sugerir sempre ao reitor da USP que busque negociar com todas as instâncias necessárias e aos demais membros da comunidade universitária que também se esforcem para alcançar um entendimento e que façam política com serenidade e de forma democrática. A violência não faz parte desse processo.

JC: Qual a sua opinião sobre o Ficha Limpa? Já se cadastrou no projeto? Se não, por quê?
PS: Sou um defensor da Lei da Ficha Limpa e prezo a integridade e a transparência na utilização dos recursos públicos e nas campanhas eleitorais. No site Ficha Limpa, não me cadastrei até agora porque são solicitadas informações muito difíceis de serem prestadas durante uma campanha, como a prestação semanal de contas. A legislação já exige a prestação mensal, o que tenho feito desde o início da campanha. Com a estrutura pequena que tenho, a prestação semanal seria muito trabalhosa. Tenho respeitado na minha campanha todas as determinações legais, como fiz em todo a minha vida, e prestado ao Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo todas as informações exigidas, inclusive a prestação mensal de contas.