Funcionário da Cocesp desmente coordenadores

Um dos responsáveis pela manutenção elétrica da Cidade Universitária, que o JC prefere não nomear, afirmou que os técnicos da Cocesp ainda não foram averiguar a falta de eletricidade no térreo do Bloco G do Crusp, apesar de estarem cientes da situação. A declaração diverge das afirmações do então diretor da Cocesp, prof. Antonio de Aguirra Massola, e de Waldyr Antonio Jorge, coordenador da Coseas. O funcionário disse não estar autorizado a dar mais informações sobre o fato.

Em edição passada desse jornal, Waldyr afirmou que o conserto não foi realizado devido a “ligações clandestinas” realizadas por moradores. A redação do JC buscou o depoimento do professor Massola e nos foi apresentado documento protocolado no dia 19 de agosto, escrito em próprio punho pelo coordenador, afirmando que os reparos não foram feitos devido a “risco iminente de curto-circuito e incêndio” no local.

No entanto, Waldyr afirmou, por meio de sua secretária, que não há documentos comprovando que técnicos visitaram o local, não dando mais declarações ao Jornal. Ocupantes do bloco ressaltam que até agora ninguém foi checar o problema, o qual foi relatado à Cocesp há mais de um mês.

No local moram cerca de 30 pessoas, divididas em 15 quartos, dos quais cinco se encontram no andar sem eletricidade (o térreo). Os moradores utilizaram extensões elétricas, ligadas a tomadas do primeiro andar, para manter um refrigerador funcionando, além de iluminar o local. Um dos ocupantes, que prefere não se identificar, diz serem tais extensões as “ligações clandestinas” citadas por Waldyr.

Outro morador, que também prefere o anonimato, conta que o corte dificultou a convivência no local, pela inutilização de dois chuveiros elétricos e perda de espaços comuns, como a sala de vídeo.

Questões legais

O professor da Faculdade de Direito (FD), Elival da Silva Ramos, especialista em direito constitucional, apesar de não estar a par dos detalhes do caso, afirma que, de acordo com os princípios legais, “manutenções urgentes (com risco para a segurança de pessoas ou bens) devem ser adotadas o mais breve possível”.

“Em certos casos, mesmo que demore alguns dias não se poderá falar em omissão. Porém, se for ultrapassado o limite do razoável (considerando a gravidade do problema, pessoal disponível, ordem cronológica de chamadas), a ausência de providências pode até mesmo vir a caracterizar ilícito administrativo”, enfatiza o jurista.

O professor ainda afirma que a manutenção da rede elétrica do Campus Butantã é responsabilidade da Cocesp mesmo em caso de ocupações. Só haveria justificativa para a não realização do serviço “se os servidores da Cocesp não tiverem acesso à rede em razão da ocupação”, conclui.

Nota
O texto publicado no site apresenta diferenças em relação à edição impressa do JC.