Número de alunos de escola pública é o menor desde 2007

Número de alunos da USP advindos de escolas públicas (%)O número de alunos de escolas públicas que ingressaram na USP em 2010 foi o menor em quatro anos. Este foi o pior resultado após o início do Inclusp, programa de inclusão social, que concede bônus na Fuvest a alunos de escolas públicas.

Dos 10.622 novos estudantes que entraram neste ano, 25,64% vieram de instituições públicas, contra 30,01% em 2009. Para efeitos de comparação, em 2003, quando o Inclusp ainda não existia, a porcentagem era de 26,51%.

Segundo divulgação da Pró-Reitoria de Graduação, uma das hipóteses para essa queda é o aumento de vagas oferecidas pelo ProUni em conjunto com o crescimento das universidades federais em São Paulo. Além do número geral de inscritos na Fuvest que caiu este ano. Para a Pró-reitora Telma Zorn, a exclusão da nota do Enem não afetou os alunos: “a PrG decidiu adotar um substituto, o Bônus Fuvest, que ofereceu até 6% de bonificação calculado pelo desempenho dos candidatos oriundos de escolas públicas que aderiram ao Inclusp”.

Desconhecimento

Outro fator que prejudica a inscrição dos alunos de escola Pública na Fuvest é a falta de conhecimento dos programas de inclusão social. André Ricardo Pacheco, aluno de contabilidade da FEA, estudou na Cefet e utilizou o Inclusp ao prestar o vestibular em 2008: “Ganhei nove pontos na primeira fase. Sem o Inclusp, eu não passava.” André não utilizou o Pasusp (Programa de Avaliação Seriada da USP) por falta de conhecimento. O Pasusp é uma prova aplicada pela Fuvest, aos formandos de escolas públicas interessados. Dependendo do resultado do aluno na prova, ele recebe um acréscimo de até 3% no vestibular.

A Pró-Reitoria possui o projeto Embaixadores da USP, no qual alunos da universidade divulgam o Inclusp em escolas públicas. Porém, em 2009, este programa não ocorreu. Em 2010 foi lançado um novo programa chamado Embaixadores Docentes, no qual professores visitam escolas para mostrar a importância do ensino superior.

Entre os alunos que utilizam o Inclusp, a maioria é de escolas técnicas. É raro encontrar estudantes vindos de instituições públicas regulares. Isto se deve ao fato de que muitos não se sentem estimulados ou tem receio de prestar a Fuvest. Além disso, não conhecem os programas de inclusão da Universidade. Telma diz que o intuito da Pró-Reitoria é “trabalhar intensamente na divulgação e no estímulo à participação no vestibular, e incluir preservando a qualidade de nossa universidade”.

A eficiência do Inclusp sempre foi discutida. No começo dessa gestão, foi criado um Grupo de Trabalho para estudar o programa, visando melhorias. Mudanças podem ocorrer no vestibular de 2012. Para André, “o Inclusp é só uma forma de compensar as falhas da educação, um tapa-buraco. Precisamos de reais investimentos na educação pública.”