“Salinha” é opção para pais do Crusp

Em um dos corredores do Bloco D do Crusp, uma porta chama a atenção. Pintada com cores que fogem dos tons cinzas predominantes no resto do prédio, é ladeada por desenhos infantis. As crianças, autoras dos desenhos, deixam o corredor mais barulhento entre as 19 e 21 horas, horário em que freqüentam o local, conhecido por “salinha”.

Ela existe desde 2003 e surgiu por iniciativa de estudantes. Eles perceberam que os filhos de moradores do Crusp não tinham um local adequado para ficar enquanto os pais trabalhavam ou estudavam, fora do horário escolar. A Coseas cedeu um apartamento para receber as crianças.

O local já passou por uma reforma, mas atualmente necessita de aquisição e conserto de materiais, além de verba para manter mais bolsistas. As atividades de fim de semana, por exemplo, foram suspensas por falta de recursos humanos – só existem três pessoas trabalhando no momento.

Julia Francisca é uma delas. Aluna de Artes Plásticas, é monitora desde o início do ano. Ela ressalta a proposta de educação não formal do projeto, que é um meio termo entre educação e recreação. O maior desafio, na sua opinião, é elaborar dinâmicas que sejam interessantes para todas as crianças, apesar das diferenças de idades – que variam de 2 a 10 anos – e comenta que recebe uma bolsa para trabalhar 10 horas por semana na salinha, mas que somando o tempo de preparação e reuniões esse tempo quase dobra.

As dificuldades e dúvidas que surgem durante o trabalho são discutidas entre o coletivo de estudantes ou com a professora da Faculdade de Educação (FE) Patrícia Prado, que orienta o projeto desde 2008 e se reúne uma vez por mês com os envolvidos. Sua função é auxiliá-los com dicas práticas bem como estimulá-los a adquirir um arcabouço teórico para discutir e refletir sobre questões da infância. Ela destaca o caráter de extensão do projeto: “a comunidade faz ele acontecer”.