10% da comida é desperdiçada nos bandejões

Sobra de comida nos pratos é a principal causa do desperdício. USP Recicla não supre a demanda de todos os restaurantes

Hoje, dos 8000 quilos de comida produzidos todo dia pelos restaurantes da Coordenadoria de Assistência Social (Coseas), cerca de 800 vão para o lixo. No bandejão da Química são 320 quilos por dia. Esses valores incluem restos deixados nos pratos e sobras da cozinha, como cascas e ossos.

A coleta seletiva é feita somente no bandejão Central. Os dados foram fornecidos pela Coseas.

Para Waldyr Jorge, seu diretor, “não existe uma perda de alimentação”, pois ele considera 10% uma margem pequena. Ao mesmo tempo, diz que não se realiza a compostagem por haver uma quantidade grande demais de matéria orgânica. “Seria necessária uma usina dentro da Cidade Universitária”, destaca.

Um prato servido pelos restaurantes custa em média R$11,20, ou seja, cada um causa prejuízo de R$9,30 à Coseas. Considerando o alimento jogado fora, os gastos com o desperdício dos restaurantes são da ordem de R$8mil por dia.

Já para a comida que não foi servida, o destino é outro. Existem quatro instituições de caridade que recebem doações da Cidade Universitária através do programa “USP Alimenta”. Dentre elas, o “Lar do Alvorecer Cristão”, albergue que abriga cerca de 100 mulheres; e a “Associação Marly Cury”, que recebe cerca de 20 kg de alimentos por refeição, capazes de alimentar mais de 30 pessoas por dia. A cada refeição, a Coseas entrega os alimentos diretamente nas portas das instituições.

Maria Aparecida Loureiro, chefe da divisão de nutrição Coseas, afirma que há um rígido controle de qualidade para os alimentos enviados. “A Divisão de Nutrição acompanha o processo de doação por controle de tempo e temperatura”, afirma. Além disso, nenhum alimento doado é consumido se tiver deixado seu local de origem há mais de 3 horas.

Sobra de refeições vai direto para a lixeira (foto: Paulo Eduardo Palmério)
Sobra de refeições vai direto para a lixeira (foto: Paulo Eduardo Palmério)

Reaproveitamento

Waldyr Jorge afirma que os restaurantes da Coseas participam da produção de biodiesel no Campus de Ribeirão Preto. “Coleta-se, periodicamente, todo o óleo vegetal usado acumulado nos restaurantes do Campus Butantã”. O campus da capital também possui projeto para produção de biodiesel, como mostrado em matéria anterior do JC.

Elizabethe Lima, coordenadora do programa USP Recicla, afirma que cada unidade decide em relação aos recicláveis. Atualmente, o programa faz coleta seletiva em 18 unidades do Campus, mas o único bandejão a participar é o Central.

Segundo ela, a limitação acontece porque a responsável pela coleta e pela reciclagem não tem capacidade para expandir sua área de cobertura. Afirma que a USP Recicla  criará uma mini rede de seis cooperativas para aumentar a coleta. Dessas, duas seriam destacadas para realizar a coleta na USP Leste, onde não há separação atualmente.

O ideal, de acordo com Elizabethe, seria eliminar os descartáveis, como já foi feito nos campi do interior.
(infográfico: Daniel Argento)