Carta: processo disciplinar aos invasores da Coseas

de Marcus Padraic Dunne

Há um dado fundamental que ficou de fora da notícia sobre o processo disciplinar aos pretensos invasores dos espaços do Crusp, previamente ocupados pela Coseas: a maioria dos arrolados no processo, bem como na reintegração de posse que lhe deu origem, NÃO PARTICIPOU da ocupação. Os agentes da Coseas, não tendo como ver quem estava dentro, anotaram os nomes dos que observavam de fora, “para simples registro”, conforme responderam no dia, quando interpelados. Naturalmente, a estratégia, que por infelicidade funciona, é jogar estudante contra estudante: os que já depuseram referem perguntas do tipo: “Você é a favor da gestão Aroeira?” ou “a favor da ocupação?”. Historicamente, não há um milímetro de Crusp que não tenha sido ocupado. O diálogo, sempre mencionado, só tem sido possível, desde sempre, em todos e quaisquer casos, com pressão. Não é difícil constatar que, tomando a iniciativa, não esperando a ação estudantil, as instâncias administrativas teriam muito mais controle do que têm: não é apenas má vontade, é sobretudo incompetência.

Para esclarecer, sou um dos arrolados no processo disciplinar, e também na reintegração de posse. Entrei na ocupação pela primeira vez precisamente durante a reunião que discutia a sobredita reintegração de posse…

Um dos inicialmente citados estava no Acre, outra cobria a notícia para a CBN. A qualidade da arapongagem seria de rir, não fosse o potencial destrutivo sobre as nossas vidas futuras e a pressão paralizante do presente.

Carta enviada por Marcus Padraic Dunne. Fale com a redação.