Centro médico da FIFA é inaugurado no HC

O Instituto de Ortopedia e Traumatologia (IOT) do Hospital das Clínicas da FMUSP, foi credenciado oficialmente como Centro de Excelência da FIFA – o primeiro na América Latina – no dia 1º de outubro. O espaço priorizará pesquisas relacionadas ao futsal e ao futebol, voltadas tanto para o atleta profissional como para o amador. Também realizará projetos médicos em parceria com a FIFA e vai participar de todas as reuniões da entidade máxima do futebol. O chefe do departamento médico da FIFA, Jiri Dvorak, mostrou-se preocupado e disse que o principal objetivo é convencer os executivos a apoiarem o projeto financeiramente. “Não adianta só dizer que concorda, é preciso investir também”, afirmou. Atualmente, a FIFA conta com outros dez centros espalhados pelo mundo.

Novo centro da FIFA é o único na América Latina (foto: Délcio Nóbrega)
Novo centro da FIFA é o único na América Latina (foto: Délcio Nóbrega)

A USP entra em campo

O coordenador do novo Centro de Excelência, André Pedrinelli, disse que o reconhecimento da FIFA é a consolidação de um relacionamento direto entre a USP e uma das maiores organizações do esporte mundial. “Nós estamos inseridos numa comunidade cientifica de alto nível, passamos a ter uma equidade de prestações de serviços com outras comunidades cientificas”, afirmou. Com isso, a universidade passa a fazer parte de uma grande rede de centros de pesquisa clínica e de desenvolvimento de tecnologia para a prevenção das atividades do futebol. Isso pode ser expandido para as outras modalidades esportivas e para a população em geral. “A idéia é participar dessa grande comunidade científica e com isso dividir esses conhecimentos, agregando novos para refletir no tratamento dos nossos pacientes”, disse Pedrinelli.

Com relação à parceria da USP com outras universidades do país, o médico afirma que a FMUSP e o HC sempre estão interessados em ter um trabalho conjunto com outras unidades de pesquisa do Brasil. Sobre a relevância do centro e as dificuldades em concretizá-lo, Pedrinelli conta que foram dois anos de muito esforço, mas que valeram a pena: “Nós queremos deixar um legado para as gerações futuras, em termos de qualidade de vida no tratamento da nossa população”.

Futebol prescrito como remédio

José Luis Runco, responsável pelo departamento médico da seleção brasileira e do Flamengo, disse que o objetivo da FIFA é fazer com que a CBF e os clubes se envolvam mais ainda nessa filosofia de prevenção de lesões e “fair play” que a entidade prega. São 2,1 lesões por partida em cada ano e o número está aumentando, segundo dados trazidos por Dvorak. Ele diz que, com as pesquisas dos centros médicos da FIFA e aliando educação e saúde, é possível prevenir de 30% a 50% dos casos. A análise dos principais incidentes permitiria à entidade adaptar as suas regras para promover, não o futebol da força física, mas o da qualidade técnica

Além disso, Dvorak diz que o futebol também pode ajudar na prevenção de doenças em geral. Mensagens simples como lavar as mãos, praticar esporte, evitar drogas e álcool foram relacionadas com ações do futebol como driblar, passar e chutar em campanhas da FIFA antes da Copa na África do Sul. Elas tiveram 90% de resultado positivo com mais de mil crianças africanas. “Tenho certeza que o Brasil tem problemas parecidos com a África e também pode melhorar com esse projeto”, afirmou.

Equipamentos desenvolvem reflexo de atletas (foto: Délcio Nóbrega)
Equipamentos desenvolvem reflexo de atletas (foto: Délcio Nóbrega)