Pró-Reitoria contabilizará atividades complementares

A Pró-Reitoria de Graduação criou um Grupo de Trabalho para identificar as atividades complementares dos professores. Ela tenta assim valorizar as atividades que vão além das aulas práticas e teóricas. A partir da identificação pretende-se criar categorias para essas atividades (administração acadêmica, orientação acadêmica e atividades eventuais) e permitir que os docentes as registrem, de forma a ter contabilizadas as horas de trabalho em seu memorial – relatório que contabiliza a atividade dos professores.

Com essa iniciativa a Pró-Reitoria quer garantir a valorização das atividades hoje não reconhecidas pela Universidade. Isso porque “a graduação acaba sendo o ‘patinho feio’” explica Arlindo Figueira Neto, da ECA: “Se o professor fica só na graduação ele vai ser provavelmente mandado embora do regime, porque ele não aparece aos olhos da burocracia, ele pode até declarar [as atividades complementares], mas isso não é considerado porque não está institucionalizado que elas valham alguma coisa”.

Entraria para o cálculo orientações de TCCs, organização de eventos, palestras, entre outros. “O objetivo é ter uma valorização mais equilibrada entre as atividades que ele exerce na graduação e nas outras áreas, como pesquisa e extensão”, diz Sergio Orsini, diretor de apoio técnico à graduação da Pró-Reitoria.

Burocracia

A ideia é que haja uma data para o cadastro pelo docente e depois uma instância superior, dentro da unidade, deverá verificar e validar os dados. Hoje o trâmite é feito de forma provisória com o acompanhamento da Coselho de Graduação (COG). Na Escola Politécnica, por exemplo, desde 2009 os coordenadores de conjuntos de disciplinas como Laboratório de Eletrônica e de Eletricidade contabilizam 60h semestrais por essa atividade extra-classe, que significa garantir a sincronia do conteúdo para turmas diferentes, aplicar avaliações e supervisionar a correção.

O professor da Poli e coordenador do Grupo de Trabalho, Paul Jean Jeszensky, diz que os próximos passos são completar a lista de horas máximas que poderão ser declaradas para cada atividade e elaborar o relatório final. Ele irá ao COG e, se aprovado, será publicado no diário oficial como resolução. Orsini garante que o JúpiterWeb está preparado para as novas regras. A tela para o cadastramento já está pronta. “Assim que a decisão for publicada no diário oficial, o sistema estará pronto”.

Apesar da iniciativa da Pró-Reitoria, há incertezas quanto ao objetivo do grupo. “Teoricamente, se a gente começar a valorizar, há um potencial de dedicação maior para atividades que não são só as aulas”, diz Figueira Neto. Mas os dados não vão servir imediatamente para alimentar o sistema lattes nem serão levados em conta, por enquanto, na avaliação da Comissão Especial de Regime de Trabalho (CERT), comprometendo resultados efetivos. “Gostaríamos que a CERT olhasse para isso” diz Paul Jean, garantindo, entretanto, que o reconhecimento das atividades é o passo inicial para essas horas de trabalho serem reconhecidas posteriormente por instâncias superiores.