Projeto de clube de R$ 14mi da FD é aprovado

Construção terá apoio da Lei de Incentivo ao Esporte e revitalizará terreno. Entidades têm um ano para arrecadar toda a verba

O Centro Acadêmico, a Associação Atlética Acadêmica e a Associação de Antigos Alunos da Faculdade de Direito da USP viram aprovado recentemente pelo governo seu pedido de incentivo de verba para a construção de um complexo poliesportivo voltado à comunidade franciscana. O apoio foi conseguido através da Lei de Incentivo ao Esporte – de acordo com a qual empresas ou pessoas físicas podem destinar parte de seu imposto de renda a projetos esportivos. As três entidades têm um ano para juntar os quase R$ 14 milhões previstos, prazo que pode ser prorrogado por mais um ano. Atualmente, os alunos da FD realizam suas atividades esportivas majoritariamente em quadras ou campos alugados pela Atlética – custo de quase R$ 7 mil mensais -, embora tenham um espaço próprio chamado Campo do XI. Doado para a Faculdade há décadas pelo governo do estado, o espaço é pouco utilizado devido à falta de infraestrutura e manutenção, e será revitalizado com a construção do Clube.

O Campo do XI possui duas quadras de tênis, campo de futebol, duas quadras poliesportivas abertas e uma salinha de judô, além de espaços que são alugados, como uma lanchonete – em um terreno de 18 mil m², cuja maior parte é ocupada por um estacionamento. “Quase nenhum treino oficial acontece lá. A qualidade do Campo é muito ruim,” diz Eugênia Pedroso, treinadora de atletismo e também tesoureira da Atlética. O terreno, localizado em área nobre, perto do parque do Ibirapuera, é muito visado pelo governo. Renato Grecco, presidente da Atlética, conta que o medo da desapropriação foi um grande incentivo para que se levasse para frente o projeto do Clube das Arcadas – nome da associação das três entidades, que se uniram em 2009, assim como do futuro complexo.

O Clube contará com duas quadras de tênis, uma piscina semiolímpica, um campo de futebol e rugby, duas quadras poliesportivas cobertas, um espaço para baseball e um para lutas, além de salas administrativas e áreas para locação. Segundo Grecco, será possível centralizar os treinos e promover a convivência entre alunos e ex-alunos.

Projeto do Clube das Arcadas, que vai ser construído em frente ao Ibirapuera (à direita) (Foto: Divulgação/ Google Maps)
Projeto do Clube das Arcadas, que vai ser construído em frente ao Ibirapuera (à direita) (Foto: Divulgação/ Google Maps)
Início do projeto

“Desde sempre há planos de se construir o clube. Muita gente acha que é lenda,” diz Grecco. Entretanto, as entidades não podiam arriscar perder o Campo do XI – o aluguel de suas áreas gera metade da receita das entidades. Em 2006, CA e Atlética fizeram um concurso com escritórios de arquitetura para elaboração do projeto do Clube, a ser pago após sua construção. Os dois anos seguintes foram passados em diálogo com o governo para que o terreno continuasse com a FD. “Conseguimos impedir a desapropriação, mas tínhamos que fazer algo com o espaço.”

No início de 2009, as duas entidades se uniram à Associação de Antigos Alunos e ao escritório de advocacia Pinheiro Neto, que os ajudou nos trâmites legais. Em dezembro, o projeto foi enviado ao Ministério do Esporte. A aprovação saiu no começo de setembro, e frentes de captação de verba estão sendo montadas. “Vamos procurar bancos, grandes empresas, ex-alunos, várias áreas diferentes,” diz o presidente. Questionado se tentar verba pela USP primeiro foi uma alternativa, ele diz que não. “A USP não ia querer disponibilizar 14 milhões pra construção de um clube só da São Francisco.”

Grecco completa dizendo que a formulação do projeto só foi possível devido a parcerias com empresas privadas, “Se não contássemos com o apoio, não chegaríamos nunca a essa aprovação, até porque todos esses serviços [de consultoria] são caríssimos e não teríamos condições de arcar com eles.”

Questionada sobre a parceria das entidades com essas empresas, a caloura da FD Ana Laura Bacelar disse não ver problema nas doações. Ela diferencia o caso do que aconteceu no começo do ano, em que duas empresas – uma delas a Pinheiro Neto – ajudaram na reforma de salas e, tiveram estas nomeadas em sua homenagem. “Naquele caso, as empresas deram dinheiro e em troca ganharam algo que tradicionalmente é dado a ex-alunos ou professores. Foi uma compra. No caso das Arcadas, é uma doação.”