Alunos se mobilizam contra homofobia

Ato contra homofobia reúne estudantes em frente ao Restaurante Central (foto: Denise Eloy)
Ato contra homofobia reúne estudantes em frente ao Restaurante Central (foto: Denise Eloy)

Depois do ocorrido na festa “Outubro ou Nada” da Escola de Comunicações e Artes, quando um estudante de Biologia e seu namorado foram agredidos verbal e fisicamente num ato claro de homofobia, alunos da USP se mobilizaram para discutir e enfrentar o preconceito no Campus com debates e manifestações, buscando também conscientizar as pessoas para uma futura criminalização da homofobia.

Henrique Peres Andrade estava abraçado com o namorado na festa que aconteceu no final do mês de outubro, quando três rapazes ainda não identificados os xingaram e agrediram, atirando copos de bebida, apontando cigarros acesos em seus rostos e desferindo chutes e socos no casal. Segundo Henrique, os seguranças não fizeram nada enquanto pedia ajuda e só resolveram colocar os agressores para fora da casa quando um membro da atlética da ECA pediu que agissem e um aglomerado de pessoas se mostrou indignado com a barbárie.

Henrique registrou um Boletim de Ocorrência e tem até seis meses para decidir se vai processar os agressores. “Estou com bastante calma em relação a isso. Meu namorado foi agredido também, então estamos pensando juntos”, conta. Apesar de os agressores ainda não terem sido identificados, Henrique acredita que está perto de encontrá-los. “Tenho uns contatos, provavelmente vamos chegar em quem é bem rápido”, diz, e conta também que já tem as testemunhas caso decida abrir um processo.

Reações na USP

O fato ocorrido com Henrique ganhou grande repercussão e vários centros acadêmicos promoveram debates sobre o preconceito contra a comunidade LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros). O Diretório Central dos Estudantes (DCE) discutiu o assunto para decidir o que poderia ser feito, assim como a ECA e a Biologia. Rafael Kopko, vice-presidente da Ecatlética, disse que “os dois seguranças que supostamente nada fizeram não farão mais parte da equipe contratada para eventos da atlética”. Um ato para lembrar a morte de todos os homossexuais vítimas de agressão e preconceito foi realizado nos horários das refeições em frente ao Restaurante Central, contando com homens travestidos e velas. Na última sexta-feira, aconteceu a festa “Na Bio Pode”, na qual Henrique participou da organização.

Grupos de alunos também buscam discutir o problema e mostrar às pessoas que atitudes homofóbicas estão presentes nas escolas, nas empresas, na rua e nas universidades. “Apesar da fachada liberal existente na universidade como um todo, ainda há muito preconceito, mesmo em faculdades que se dizem ‘abertas’ à diversidade, como a ECA ou a FAU, por exemplo. Ainda há uma parcela que não entende a situação, sente-se ofendida e chega a agredir ou incitar a agressão a homossexuais, como ocorreu”, conta Rafael.