Casal vítima de homofobia registra ocorrência na Polícia civil

Henrique Andrade e seu namorado, ambos alunos da USP, foram agredidos verbal e fisicamente por três indivíduos durante a Outubro ou Nada, festa organizada pela Atlética da ECA. Além de xingamentos homofóbicos, o casal sofreu chutes e socos. Na terça feira (26), Henrique, aluno de biologia, registrou um boletim de ocorrência na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), na região central da capital.

Em apoio ao casal, haverá um ato no bandejão central. Aproveitando a semana dos finados, o Ato Fúnebre – contando as nossas mortes o ato tem o objetivo de denunciar as mortes do público LGBT. O ato será na frente do restaurante central, dia 4 de novembro, das 11h às 14h e das 17h30 às 19h45. O ato é organizado pelo grupo Prisma, grupo sobre diversidade sexual ligado ao Diretório Central dos Estudantes (DCE). O Centro Acadêmico do Instituto de Biologia (CABIO) e o Centro Acadêmico da Escola de Comunicações e Artes também convocam os alunos à manifestação, uma vez que ambos têm relações com o que aconteceu na festa Outubro ou Nada; Henrique Andrade é aluno de biologia.

Além disso, a Atlética e o Centro Acadêmico da ECA planejam uma ação conjunta. Estão redigindo um manifesto a favor da diversidade sexual e pensando em um debate sobre a homofobia, “pra mostrar que existe, mesmo dentro da USP, e como combater isso”, diz Rafael, apesar de afirmar que a ECA é conhecida pela diversidade. O CABIO pensa em realizar um ato-debate sobre homofobia e criminalização da homofobia e fará uma festa-protesto em seu espaço de vivências no estilo “Na Bio pode”. Essa festa será na 6ª feira, dia 5 de novembro, a partir das 22h. Henrique está, inclusive, ajudando na organização dessa festa: “estou contribuindo com o que eu puder ajudar”, diz ele.

Em entrevista ao Jornal do Campus, Henrique afirma que, como ainda há 6 meses para que seja válido instaurar uma investigação, ele está correndo apenas com a festa do CA. “Quero fazer tudo com calma, para não tomar nenhuma atitude impensada”, disse ele. O aluno está aguardando que se identifiquem os agressores e testemunhas da humilhação.

Para que a Decradi instaure um inquérito para apurar o caso, a vítima deve representar contra os agressores, o que não ocorreu. A maior dificuldade é identificar os três rapazes. Boatos sugerem que não eram alunos da USP e Rafael Kopko Oliveira, vice presidente da ECAtlética, afirma que nunca os havia visto antes. Com a lista dos convidados em mãos, Rafael diz que isso é um começo e que a entidade estudantil se dispõe a prestar ajuda em caso de investigação.

Na festa, visivelmente alcoolizados, três rapazes apontaram cigarros para o rosto de Henrique e seu namorado e jogaram um copo de bebida nas roupas do casal, que estava sentando abraçado em um cômodo da mansão onde ocorre a festa. Mais do que uma provocação com xingamentos homofóbicos, a humilhação passou para a agressão física: os agressores desferiram chutes e socos, enquanto o namorado de Henrique, que estuda arquitetura na USP, tentava defendê-lo.

Segundo relato que Henrique Andrade fez circular na internet, a equipe de segurança da festa demorou a intervir. Quando um membro da Atlética foi informado, providenciou a retirada dos agressores da festa e se desculpou em nome da entidade.

A festa Outubro ou Nada aconteceu no dia 22 de outubro, em uma mansão no Morumbi. Na 2ª feira, o Centro Acadêmico da Biologia, Sociedade Paulista de História Natural (SPHN – CABIO) fez circular uma moção de repúdio à agressão moral e física sofrida pelo casal. No mesmo dia, o Centro Acadêmico da ECA, a ECAtlética e a diretoria da ECA publicaram notas de esclarecimento, manifestando-se contrários à discriminação. O twitter de Henrique também está cheio de manifestações de apoio.