Estante Uspiana

Impulsionados pela Festa do Livro, o evento anual mais popular da Universidade, a leitura e o consumo de livros ganham força na USP, principalmente através de grupos que incentivam o estudo e a interpretação de textos

Em 24, 25 e 26 de novembro, a Edusp realiza a 12º edição da já tradicional Festa do Livro da USP. A iniciativa, que vendeu 150 mil títulos no ano passado, terá 133 editoras em 2010.

O professor Plínio Martins Filho, presidente da Edusp, explica que inicialmente apenas a Edusp participava. Com o tempo, estenderam a outras editoras, desde que trouxessem livros afins com a Universidade, “sem auto-ajuda, sem Best seller”, e que vendessem com o desconto mínimo de 50%. o preço que o consumidor pagaria se comprasse diretamente das editoras.

José Muniz Jr, formado em editoração pela ECA, explica que o preço de um livro envolve, entre outros fatores, os custos de produção, impressão, acabamento, e até se vende mais ou menos nos primeiros meses após o lançamento. Ele conta que a maior parte dos estudiosos da área acredita que o problema do preço dos livros seja tautológico: “o livro vende pouco porque é caro, mas é caro justamente porque vende pouco”. Para ele, o preço de fato espanta os leitores e por isso a pirataria é tão comum. “Se não fosse a pirataria na internet e o xerox nas universidades, muito menos pessoas teriam acesso aos livros”.

Guilherme Kroll, também formado pela ECA e sócio da Balão Editorial, que estará presente pela primeira vez na Festa do Livro neste ano, diz que, além da cadeia de produção, o livro é considerado caro por não ser uma prioridade. “Roupas, que muitas vezes custam menos para ser produzidas, têm um preço final muito maior”. E conta que há muitas políticas públicas e privadas de incentivo. “O governo é o maior comprador de livros no Brasil, por meio de planos e programas como o PNBE e o PNLL. Mas não há exatamente um incentivo para que a pessoas comprem livros”.

José diz que há iniciativas semelhantes à festa, que ocorrem nos outros campi da USP e também em outras universidades, como PUC e Unicamp. “A feira é um evento importantíssimo para a comunidade acadêmica. Primeiro, porque mostra pro estudante a qualidade e a diversidade das editoras brasileiras, muitas delas desconhecidas. Segundo, porque os descontos permitem que ele compre muito mais livros”.

Para o professor Plínio, um dos prazeres em fazer a Festa do Livro é ver as pessoas comprando e fazendo sua própria biblioteca. “Comprar o livro sai mais barato para o aluno que tirar Xerox”.

Ele diz que o evento é uma antibienal. “Lá, o editor paga muito caro e não tem retorno, é mais por marketing. Na Festa, a editora não paga nada”. Apesar dos problemas como espaço, segurança e pessoas não convidadas que vendem produtos como DVD’s piratas, Plínio diz que planeja outro evento semelhante. Uma feira com ponta de estoque, “aqueles livros que estão sujos, ou com algum problema que a editora não pode vender porque o mercado não aceita”, para, talvez, março do ano que vem.
(ilustrações: Ana Marques/Lucas Rodrigues)