Estudantes protestam contra desorganização do Enem

Manifestos foram realizados nas ruas das principais capitais do Brasil (foto: Tasso Marcelo/AE)
Manifestos foram realizados nas ruas das principais capitais do Brasil (foto: Tasso Marcelo/AE)

Estudantes tomaram a internet e as ruas após os dois dias de prova do Enem, em protesto às suas falhas. Passeatas ocorreram em São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, entre outras, organizadas principalmente através do Orkut e do Youtube. Reformado no ano passado, o Enem sofre críticas por causa do rumo tomado pelo exame e dos erros ocorridos durante a realização da prova pela organização.

Até 2009, o Enem era uma maneira de avaliar a qualidade do ensino médio no Brasil e servia como indicador de problemas. Entretanto, para muitos alunos ele era apenas um meio de aumentar a nota no vestibular. “Pra mim, o Enem só servia pra ajudar na Fuvest”, diz Diego Ferri, estudante do 3º ano de Engenharia Aeronáutica, na USP São Carlos. Ele acha que sua irmã, formada no colegial em 2009, leva a prova mais a sério do que ele levava: “É praticamente a única prova que vai decidir o futuro dela”.

As duas edições do novo Enem apresentaram erros de gráfica. No ano passado, a prova vazou e teve que ser reformulada. Este ano, houve erros nas folhas de respostas e nas provas amarelas. A estudante Letícia Ribeiro, uma das prejudicadas, diz que além de seu gabarito ter vindo errado, fiscais e coordenadores passavam informações contraditórias: “A coordenadora falou pra preencher o gabarito de um jeito, mas não era assim. Tinha sala em que as pessoas estavam usando relógio, lápis – se eu tirasse isso do meu estojo, corria o risco de ser tirada da sala”. Ela cita a falta de preparo dos profissionais do Enem como um problema mais grave que os erros de gráfica, pois deixavam os alunos ainda mais nervosos.

Para a professora da Faculdade de Educação da USP, Sílvia Collelo, uma prova que almeja ser avaliação e seleção não poderia apresentar erro algum. “Nenhuma prova deveria querer ser tanta coisa ao mesmo tempo. Mas se você se dispõe a fazer isso, tem que ser impecável”.

Rafael Politano, aluno de cursinho, reclama que a prova é cansativa e contém textos mal escritos: “A mídia só dá atenção para erros de impressão, mas isso não se compara aos erros no exame em si, que mostram a incapacidade dos criadores da prova de avaliar a capacidade de raciocínio do estudante”.  Rafael deseja cursar Química e considera o Enem apenas um meio de entrar na faculdade.