Projeto da USP para integração de estrangeiros é mal visto por intercambistas

A Comissão de Cooperação Internacional da USP (CCint) afirmou que, em apoio a estudantes estrangeiros, irá construir um centro de difusão internacional, nome ainda provisório. Segundo o Vice-Reitor de Relações Internacionais, Adnei Melges de Andrade, a ideia é oferecer atividades ao intercambista, tais como acolhimento do estudante, informações do cotidiano, como moradia e permanência no país, além de um centro de idiomas, que ofereceria auxílio no aprendizado do português.

Anthony Baert, estudante belga que faz economia na FEA-USP, não concorda com algumas propostas do centro. Para ele, os estudantes intercambistas tendem a se segregar normalmente, construir um lugar que centralize ainda mais dificultaria a interação com os brasileiros. “Relações entre estudantes não podem ser criadas de cima, os próprios intercambistas devem fazer esse esforço”. Anthony afirma que Centros Acadêmicos e Atléticas são mais importantes nesse tipo de relacionamento.

Além do centro de difusão internacional, que entrará em licitação em 2011, Adnei Melges de Andrade afirma que a CCint especula adquirir um prédio no centro, da prefeitura de São Paulo,  que possa ser reformado para abrigar estrangeiros. Além de moradia para alguns alunos, o prédio serviria para abrigar professores de outros países que viessem à USP.

Rafael Alves, do Coletivo Aroeira, antiga gestão da Associação dos Moradores do Conjunto Residencial da USP (AmorCrusp), afirma que esse tipo de iniciativa é um estímulo à xenofobia, “a convivência entre os estudantes é o que faz ficar mais rico esse intercâmbio cultural e ideológico”. Pós-graduando em artes visuais na ECA-USP, o estudante colombiano Dario Vargas também discorda desse projeto. Ambos defendem políticas de permanêcia estudantil no próprio Crusp, onde os alunos poderiam ter acesso às informações e estruturas necessárias, sem perder o espaço de convivência estudantil.