Verba destinada pela universidade complementará entidades de fomento; critérios privilegiam pesquisas interdisciplinares
A USP vai destinar R$50 milhões do seu orçamento para o financiamento de pesquisas em 2011. Será apenas um complemento, uma vez que a maior parte do financiamento continuará vindo das agências de fomento:“Este tipo de investimento nunca foi experimentado antes. Embora seja pequeno, tem alguma relevância e indica uma postura mais ativa da USP com relação à pesquisa”, diz o pró-reitor de pesquisa Marco Zago.
Atualmente, toda a pesquisa depende de agências de fomento como a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científ ico e Tecnológico (CNPq) e o Fundo de Financiamento de Estudos de Projetos e Programas (Finep). Cada agência desenvolveu seu próprio sistema de avaliação das demandas e seleção de projetos segundo o mérito. Para o próreitor,“os métodos das agências são bons, pois fazem as escolhas ouvindo outros cientistas da mesma área do conhecimento. Porém, o lado ruim é que as universidades brasileiras deixam de financiar pesquisas e abrem mão de influenciar nos seus caminhos”.
Para progredir na carreira acadêmica, os pesquisadores precisam ser bem avaliados em suas pesquisas e competir pelas bolsas e auxílios das agências. “Existe uma tendência de que quanto mais recursos recebe, quanto mais equipada é uma pesquisa, maior o afastamento da universidade. Os pesquisadores passam a transitar mais fora do que dentro da USP”, diz Zago. Por isso, os critérios do financiamento da USP priorizam a interdisciplinaridade, com objetivo de reorganizar a produção científica da universidade.
Quem vai utilizar
Para participarem do edital, os pesquisadores devem estar organizados como um Núcleo de Apoio à Pesquisa (NAP), uma entidade que funciona paralelamente à organização departamental. Por meio dela, um projeto pode ter participação de pesquisadores de departamentos diferentes e mesmo de outras unidades da USP.
O financiamento será distribuído para três tipos de grupos. O primeiro é para projetos que já recebem financiamento de agências e poderão receber um reforço de até R$2 milhões. A segunda categoria é de grupos sem histórico de financiamento. Nesses casos, o valor diminui para até R$900 mil.
A terceira categoria compreende os chamados “Centros de Instrumentação”, ou seja, equipamentos de qualidade para laboratórios multiusuários. Trata-se de uma iniciativa piloto, para a qual será destinado até R$1,2 milhão.