Fono-Bauru pensa em cortar vagas para diminuir desistências na 1ª chamada do vestibular

Fuvest chamou 40 candidatos para o curso de Fono em Bauru, mas apenas uma aluna se matriculou; região não comporta número de vagas na carreira

O curso de Fonoaudiologia do campus de Bauru da USP passou por uma situação embaraçosa neste início de semestre. Dentre as 40 pessoas selecionadas pelo vestibular da Fuvest, apenas uma efetuou sua matrícula após a 1ª chamada. Segundo a coordenadora do curso, Simone Hage, um dos motivos para tamanha desistência é que a região não comporta o número de vagas oferecidas pela carreira.

O campus de Bauru ganhou o curso de Fonoaudiologia em 1990, inicialmente com 25 vagas, para atender às necessidades da região, que não possuía nenhum curso público na área. O problema é que outras faculdades surgiram, e, como conta Simone Hage, a própria Comissão de Graduação decidiu aumentar o vestibular da carreira para 40 vagas, em 2006, atendendo à política de ampliação do acesso à USP.

“A região não comporta o atual número de vagas oferecidas para a carreira. Tanto que estamos refletindo sobre a ideia de retornar ao número de 25 vagas, principalmente depois da nota de imprensa da região informando que, em 2012, a UNESP de Botucatu abrirá um novo curso de Fonoaudiologia”, disse Simone Hage, citando a aprovação pela Congregação da Faculdade de Medicina de Botucatu da nova carreira na cidade. O curso ainda aguarda aprovação oficial da reitoria da Unesp.

Outro grande fator de desistência na 1ª chamada decorre do grande número inscritos que não possuíam o Ensino Médio completo. Para 2011, dos 338 inscritos, 136 não estavam aptos a cursar a carreira caso fossem aprovados.

“Temos conhecimento que atualmente há alguns cursos de ensino médio e curso pré-vestibular da região que têm orientado seus vestibulandos de medicina a treinarem para o vestibular por meio de inscrição na carreira de Fonoaudiologia da USP/Bauru”, disse Simone, explicando que ambas as provas são iguais na segunda fase.

A coordenadora ainda se mostrou um pouco preocupada com o nível dos alunos que acabam entrando no curso. Segundo ela, após o aumento de vagas, a nota de corte caiu cerca de 50%, e o número de reprovações cresceu. Apesar disso, Simone garante que o nível de profissionais colocados no mercado não foi alterado.

O prédio em Bauru pode até causar inveja em outras universidades. Segundo Simone, entre estrutura física e equipamentos, a clínica do campus é avaliada em R$ 2 milhões e o departamento possui a maior clínica-escola entre as três da carreira na USP, que também possui cursos de Fonoaudiologia em Ribeirão Preto e São Paulo. Em 2003, ainda houve o credenciamento pelo Ministério da Saúde como centro de referência em alta complexidade em saúde auditiva.

“Dentre os três cursos de Fono da USP, o de Bauru é o que tem disparado o maior número de docentes fonoaudiólogos, a maior clínica-escola equipada para atender qualquer tipo de distúrbio de comunicação e de funções orofaciais, e ainda, o único com condições de oferecer formação no diagnóstico e reabilitação de anomalias craniofaciais”, contou Simone. “A ideia é reverter este quadro de críticas e dúvidas com a divulgação de todo nosso potencial e estrutura”, completou.

Com um alto investimento, campus de Bauru tem melhor clínica de Fono da USP
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