Panorama das manifestações contra o aumento da tarifa em São Paulo

Alunos e funcionários da USP participam dos mais de 10 atos realizados na cidade

Para além do âmbito político-administrativo relacionado ao aumento da tarifa, a indignação chegou às ruas. Alunos e funcionários da Universidade de São Paulo participaram das dez manifestações encabeçadas pelo MPL (Movimento Passe Livre), na cidade, desde o dia 13 de janeiro. Episódios de confronto com a polícia e ameaças de “catracasso” – não pagamento de passagens realizados em massa – marcaram as mobilizações organizadas. Na Cidade Universitária, segundo os estudantes, os “catracassos” eram pacíficos: os manifestantes pediam permissão aos motoristas dos ônibus para não pagarem pelas viagens.

Confronto

A polícia militar esteve presente com reforço da Tropa de Choque em todos os “grandes atos” – nome dado pelos manifestantes – realizados até o momento na cidade. As filmagens feitas pelos policiais durante as mobilizações geram indignação entre os manifestantes. Alguns especulam que os vídeos sirvam para a contagem dos participantes dos atos, ou mesmo para registro e futura identificação dos jovens organizados contra o aumento. “A intenção é manter a ordem. Se algo for extrapolado, tem a filmagem; e se for necessária uma ação da polícia, a faremos”, disse o policial militar auto-intitulado Jonny, durante movimentação do dia 10 de março, em frente à residência do prefeito Gilberto Kassab.

Para Antônio Donato, um dos dois vereadores do PT (Partido dos Trabalhadores) agredidos na mobilização do dia 17 de fevereiro, em frente à prefeitura, as repressões foram absurdas. “Ali [nas manifestações] o clima é o pior possível e o confronto vira caminho natural para se resolver as coisas”, diz Donato.  Até o fechamento dessa matéria, a prefeitura da cidade não deu seu parecer sobre o assunto.

Não aprovação

Nos ambientes das manifestações, para além da euforia e indignação dos participantes, o clima, em geral, não é de apoio. Muitos paulistanos se sentem prejudicados com o trânsito que é causado pelos manifestantes nas ruas. “Às vezes os atos atrapalham o transporte dos trabalhadores, que não entendem os manifestantes e ficam revoltados com suas ações”, diz o estudante Vinícius Viztto, que justifica a sua não participação nas mobilizações por morar muito longe das regiões onde elas ocorrem.