Pouca proximidade com rede pública gera criação de novo Inclusp

A USP estuda criar um novo programa de inclusão social para substituir o Inclusp, criado em 2006 para facilitar o acesso de egressos do ensino público à universidade. O novo modelo será submetido ao Conselho Universitáriono dia 31 de março e prevê o fim do bônus de 3% dado a candidatos da rede pública.

Provas ainda não atraem alunos da rede pública (foto: Marcelo Pellegrini)
Provas ainda não atraem alunos da rede pública (foto: Marcelo Pellegrini)

Pela proposta da reitoria, haverá a diminuição do limite de bônus de 12% para 10% entre os alunos do 3º ano do ensino médio que participarem do Programa de Avaliação Seriada da USP (Pasusp). Essa avaliação também será aplicada aos alunos do 2º ano, valendo bônus de até 5% na Fuvest do ano seguinte. O aluno que participar das duas provas poderá alcançar o teto de 15% de bônus. Os que não participarem terão bônus máximo de 8%, ao invés dos antigos 9%.

O novo sistema tem gerado críticas por parte de alguns setores da universidade.Para Maria José, uma das coordenadoras do Núcleo de Consciência Negra (NCN) da USP, o projeto é antidemocrático.“Não houve debate e ninguém foi consultado”. Ela diz que o limite de bônus não alcança os alunos que realmente precisam de inclusão na universidade.“Esses valores nunca são alcançados em sua totalidade. Por isso, o candidato nunca obtém o bônus por inteiro.” afirma em nota.

Com a medida, a Pró-Reitoria de graduação crê que a participação dos alunos da rede pública aumente entre os vestibulandos. De 2008 a 2010, o número de inscritos no Pasusp caiu de 48.862 para 9.717 entre os cerca 450 mil formandos anuais da rede pública.

Jonathan Bergamasso é calouro de Sistemas de Informaçãoda EACH e não utilizou o sistema. “Soube do Inclusp depois, quando já tinha terminado o terceiro ano e não poderia mais fazer a prova”, conta o aluno. Para sua antiga professora, Melisa da Silva, falta divulgação dos programas. “Nunca chega nada para nós, e quando chega é muito pouco ou em cima da hora”, afirma. De acordo com ela, há uma baixa autoestima entre os alunos. “Inicialmente há uma grande empolgaçãoentre eles, mas quando comparam a falta de preparo deles diante de outros candidatos, muitos acabam desistindo”, lamentaa professora.

O dado mais alarmante mostra que a maioria das escolas que aprovam pelo sistema de pontuação acrescida está em regiões como as zonas sul e oeste de São Paulo, ou no interior do Estado, em bairros com amplo acesso a cultura e serviços públicos.