Relatório prevê extinção de 330 vagas na EACH

Possibilidade de eliminar o curso de Obstetrícia causou protesto no campus da zona oeste

Recentemente foi divulgado pela diretoria da EACH um relatório que propunha a extinção do curso de Obstetrícia, além de mais de 300 cortes de vagas em todos os cursos da unidade, localizada na Zona Leste. Alunos e professores foram pegos de surpresa, quando viram reportagens sobre o assunto, mas na sexta-feira, dia 18, a direção enviou um esclarecimento por email a todos.

De acordo com o pronunciamento da diretoria, o grupo de professores que elaborou o relatório existe desde julho de 2010 e “realizou 11 reuniões com docentes, coordenadores e alunos para reorganizar a estrutura curricular da graduação, remanejar parte das vagas existentes e apontar soluções para cursos com evasão ou baixa procura”. O presidente do grupo é Adolpho José Melfi, ex-reitor da USP, que participou da criação da EACH.

Caso a proposta relatório seja efetivada, o curso de Licenciamento de Ciências da Natureza terá um corte de 80 das 120 vagas atuais. Já Gestão Ambiental perderá 40 das 120 vagas. Os cursos de Ciência da Atividade Física e Sistema de Informação devem perder 30 vagas cada um. Têxtil e Moda, Lazer e Turismo, Marketing e Gestão de Políticas Públicas ficarão com 20 vagas a menos cada um e Gerontologia com 10 vagas a menos. Existe ainda a proposta de dois novos cursos, Mídias Digitais e Design de Serviços, com 30 vagas cada.

O que mais gerou polêmica no relatório foi o do curso de Obstetrícia, que oferece atualmente 60 vagas anuais e, de acordo com a proposta, seria fundido ao curso de Enfermagem da USP. Alunos e professores do curso têm protestado contra a decisão da diretoria, com manifestações e um abaixo-assinado que circula na Internet. Até o fechamento desta edição, o documento já contava com quase 5.500 assinaturas.

Possível fusão entre os cursos de Obstetrícia e Enfermagem gerou manifestação no dia 22 de março (foto: Marcelo Pellegrini)
Possível fusão entre os cursos de Obstetrícia e Enfermagem gerou manifestação no dia 22 de março (foto: Marcelo Pellegrini)
Repercussão

Houve uma manifestação contra a decisão de acabar com o curso de Obstetrícia. Partindo da reitoria, alunos e professores da EACH protestavam com carros de som e cartazes contra a extinção do curso.

No ato, estava presente a professora do curso Elizabeth Franco, que é absolutamente contra a fusão com Enfermagem. “A obstetrícia é irmã da enfermagem. No entanto, temos foco na saúde da mulher e na humanização do parto, para diminuir o alto índice de cesarianas no país”, diz. O curso existe há mais de cinco anos, mas não conseguiu autorização do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) para que os formados tivessem certificado.

O professor José Renato de Campos Araújo é um dos integrantes da Comissão de Graduação da EACH e, apesar de se opor à extinção de Obstetrícia, não é contrário ao corte de vagas no curso que coordena, o de Gestão de Políticas Públicas. “Antes da criação da EACH, não havia nenhum curso de Gestão de Políticas Públicas no Brasil. Atualmente, há 17. Acredito que as atuais 120 vagas oferecidas não são necessárias, ainda mais tendo em vista que faltam professores no curso e muitas salas estão abarrotadas de alunos, além do alto número de desistências. A último processo de transferência oferecia 35 vagas, o maior número da EACH”, afirma.