Apesar de lei, Aplicação não oferece merenda

Projeto para construção de refeitório foi encaminhado para reitoria; maioria dos alunos é obrigada a comprar a própria merenda
Alunos têm de comprar merenda na cantina da Escola de Aplicação (foto: Cleyton Vilarino)
Alunos têm de comprar merenda na cantina da Escola de Aplicação (foto: Cleyton Vilarino)

Foi protocolado junto à Faculdade de Educação o pedido para a construção de um refeitório na Escola de Aplicação da Faculdade de Educação. Desde 2009, pela lei 11.947, toda escola pública é obrigada a oferecer alimentação aos alunos, o que não acontece na Escola de Aplicação. “Para resolver esse problema só falta a aprovação orçamentária do reitor”, afirmou Patrícia Martins Penna, diretora da escola.

Desde sua fundação, há 52 anos, a Escola de Aplicação nunca teve um refeitório. “Por ser parte da Faculdade de Educação, a escola não recebe recursos da prefeitura de São Paulo ou do governo do estado, o que dificulta a construção do refeitório”, disse a diretora. Para a representante das mães, Maria Lucinéia de Almeida, isso não se justifica. “Aqui é uma escola pública vinculada à USP e a maior universidade do país não pode negligenciar a alimentação das crianças”, disse.

Em outubro do ano passado, Maria Lucinéia encaminhou um abaixo-assinado à reitoria. “O documento foi protocolado com a assinatura do reitor, mas sem resposta”, contou. A diretoria da escola achou justo o pedido, e em parceria com a Coesf (Coordenadoria do Espaço Físico) criou o projeto para a construção do refeitório, programado para atender a todos os alunos. Falta a aprovação do repasse de verba feito pela reitoria para que as obras se iniciem.

Atualmente, a escola oferece 121 bolsas de merenda para os alunos, além de 131 refeições no bandejão. “Temos junto à Coseas preocupação de atender a alunos com dificuldades”, disse Patrícia. Além de lanches da cantina da escola, as bolsas também permitem que alguns alunos comam no bandejão. São bolsas no valor de R$4,57 por dia, o que representa um salgado e uma bebida. A avaliação da bolsa é feita pela Coseas, com os custos mantidos pela própria escola. O valor gasto representa 1% do orçamento total.

Pouco apoio

Além da merenda, a escola também não está incluída nos programas de auxílio transporte e de material escolar oferecidos pela prefeitura e pelo governo do estado, respectivamente. Nenhum dos dois benefícios são oferecidos pela escola. O transporte, por exemplo, é feito de forma privada através de um acordo entre os pais dos alunos e um serviço de vans escolares. Para os uniformes, a escola oferece 49 bolsas para os alunos, seguindo os mesmos critérios da de alimentação.

A Escola de Aplicação atende a 732 alunos, de 6 à 17 anos, no ensino fundamental e médio. O ingresso na escola é feito por sorteio, sendo 1/3 das vagas reservadas aos filhos dos funcionários da USP, 1/3 aos filhos dos funcionários da Faculdade de Educação e 1/3 ao público externo.