Investimentos históricos forneceram caixa milionário para o Centro Acadêmico da Faculdade de Direito, no Largo São Francisco
O Centro Acadêmico XI de Agosto, da Faculdade de Direito, tem arrecadação de aproximadamente R$ 75 mil por mês. Patrimônios e investimentos garantem essa situação de destaque dentre os organismos estudantis.
O CA existe desde 1903. O grande passo para a fortuna atual se deu em 1907, quando o Senador Vergueiro comprou ações na Companhia Paulista de Estradas de Ferro para que as entidades da FD pudessem se manter com os rendimentos. Com a falência da companhia, o dinheiro ficou congelado por anos, gerando um reembolso de R$ 5,5 milhões em 2008. A Assembléia Geral decidiu que o dinheiro deveria ser doado a entidades como o Departamento Jurídico(DJ), a Casa dos Estudantes e a Associação Atlética.
Para o restante do dinheiro, pensou-se um modelo sustentável. Assim, criou-se um grande fundo de investimento, administrado pela Endowment no mesmo formato das universidades americanas. Para participar é preciso ter um capital inicial alto (na casa dos milhões). Isso motivou entidades da USP, como o Grêmio Politécnico e o DJ, a tornarem-se acionistas do fundo do XI de Agosto, já que não possuiam o capital necessário.
A participação de outros acionistas é tema que gera polêmica. A antiga gestão enxerga a presença de outros cotistas como positiva. Segundo Marcelo Chilvarquer, ex-presidente do CA, “o grêmio da Poli só quer manter seu patrimônio. Não existe nenhum risco de autonomia por parte deles. É interessante para a gente também, porque dilui os gastos. Inclusive, qualquer CA da USP pode participar.”
Para a atual gestão, não é tão simples assim. Segundo a presidente Maia Aguilera, não se pode incluir cotistas sem consultar os alunos, os verdadeiros donos do fundo. Para isso, foi criado um mecanismo de controle de quem pode ou não participar – antes essas decisões eram tomadas pela Endowment. Para Maia, o problema não está na participação ou não de outros acionistas, mas no acesso à informação. “O enfoque da nossa gestão é a transparência. Queremos que os alunos participem ativamente do controle de gastos.”
O rendimento mensal do fundo de investimento varia entre R$ 30 e 35 mil. Além desse montante, o aluguel de partes do terreno do Campo do XI (doado por Jânio Quadros em 1955) rende em torno de R$ 40 mil. O valor é consideravelmente superior em comparação a outras unidades da USP. Desse dinheiro, 50% é repassado para outras entidades como a Associação Atlética Acadêmica e o Departamento Jurídico. Boa parte do restante é usada para a manutenção do prédio, pagamento dos funcionários e os gastos com o Cursinho do XI.
Apesar da alta arrecadação, existe uma dívida de 16 milhões referentes ao IPTU do Campo do XI. Como a construção do Clube das Arcadas nesse terreno conta com a Lei de Incentivo ao Esporte, é preciso cumprir algumas metas e regularizar essa questão fiscal. Ainda que exista um processo para a negociação da redução do valor, é notável a presença de problemas financeiros. Dessa forma, grande parte das iniciativas promovidas pelo Centro Acadêmico – como a calourada, eventos e palestras -, é realizada por meio de patrocínios.