Cursos pagos financiam projetos sociais na USP

Cursos de extensão financiam boa parte dos projetos da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária. É o que afirma o professor José Ricardo de Carvalho Mesquita, titular da Faculdade de Medicina da USP e Pró-Reitor Adjunto de Cultura e Extensão. O Fundo Único de Promoção à Pesquisa, à. Educação, à Cultura e Extensão (FUPCEU) foi redefinido durante a gestão de Suely Vilela (2005-2009). Hoje, 5% das mensalidades de todos os cursos pagos de extensão universitária são direcionados a ele.

A atual gestão da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão afirma ter uma política de diminuição de gastos do financiamento previsto pelo Plano Orçamentário da Universidade. Em contrapartida, a dependência em relação ao fundo é cada vez maior. Segundo dados oficiais, esse fundo é responsável pela aprovação de 270 projetos anuais. Além de bolsas de estudos e cultura gratuita, a Universidade oferece o seu know-how à sociedade, que é de altíssimo valor mercadológico. “Acho justo se cobrar muito por uma coisa que custou caro a sociedade brasileira como o incentivo a pesquisa na USP”, afirma José Ricardo.

Essa opinião se adequa ao curso de extensão MBA (Mestrado em Administração de Negócios, sigla traduzida) em Sustentabilidade em Tecnologia de Informação e Comunicação, coordenado pela professora da Poli Teresa Cristina Melo de Brito Carvalho, com sede na Cidade Universitária. A especialização de profissionais graduados é voltada para o mercado. Os alunos pagam R$25.200 no módulo de 18 meses. “O curso não oferece lucros”, afirma a professora coordenadora, que usa as mensalidades para pagar os salários dos professores e outros gastos. Assim como em todos os cursos pagos, ela destina 5 % da arrecadação à USP. “Eu uso o espaço, a luz e outros recursos da Universidade. É justo que eu pague para ela”.

Toda verba é administrada pela FUSP, Fundação de Apoio a USP, mas é a coordenadora que decide onde o dinheiro será gasto a partir do que foi descrito em seu projeto. Segundo a PRCEU os gastos para a realização dos cursos pagos devem ser previstos em planilhas orçamentárias indispensáveis para a aprovação da proposta. O convênio com a Pró-Reitoria de Cultura e Extensão é necessário para a emissão de certificados USP para os alunos. “A procura é grande. No entanto, muitos desistem quando descobrem o pagamento”.

Teresa não pediu financiamento da Pró-reitoria. Ela acredita que essa verba deve ser destinada a projetos sociais. A aprovação de um curso pago passa por critérios como o regime de horas do professor. “Para atividade remunerada extra, o professor tem que demonstrar que isso não irá prejudicar suas atividades acadêmicas.” O coordenador do curso deve pedir autorização a Comissão de Cultura e Extensão.