Dos tormentos da vizinha à inspiração para um documentário

Concerto para Heloisa, festival de música organizado por doze amigos, reuniu cinco bandas e mais de 500 pessoas em uma casa no Pacaembu
Festival arrecada dinheiro para instalação de estúdio acústico (foto: Marcelo Pellegrini)
Festival arrecada dinheiro para instalação de estúdio acústico (foto: Marcelo Pellegrini)

Tudo por uma boa causa: ajudar a solucionar o estresse da vizinha Heloisa, que há anos se incomoda com os ensaios musicais na casa.  O concerto vai virar um documentário, produzido por Pedro Moscalcoff [o Mosca] e André Zurawski, alunos de Audiovisual da USP, e por Marcelo Moraes, estudante de Artes Cênicas na Unicamp.

Heloisa diz que suporta há seis anos os ensaios que acontecem na casa do baterista Gabriel Basile, o Biel. O estudante de música participa de quatro bandas, e todas usam o estúdio adaptado em sua casa.

Essa tal Heloisa (imagem: Pedro Moscalcoff)
Essa tal Heloisa (imagem: Pedro Moscalcoff)
Biel na batera (foto: Ricardo Calabro)
Biel na batera (foto: Ricardo Calabro)

“Tenho uma rotina desgastante. Mas fui entender que parte do meu estresse vinha dos ensaios, repetitivos e disformes”, desabafou Heloisa. Depois de enviar dois telegramas e uma carta, foi uma conversa na calçada que resolveu o assunto. “Basta instalar janelas anti-ruídos. O problema é o alto custo”, disse Biel.

E o dinheiro?

“Queria resolver o problema, me divertindo! Dois dias depois da conversa com a Heloisa, eu assisti ao documentário Soul Power com o Vac (André Vac) e o Tim (Tim Bernardes), que fala sobre um festival que aconteceu no Zaire, em 1974, e reuniu artistas como James Brown e B.B. King. Daí surgiu a ideia de um festival para arrecadar dinheiro, e de alguém que pudesse documentar esse encontro artístico”, falou Biel.

Foram três meses de produção, que dependeram da ajuda de amigos e familiares. O pessoal do documentário realizou entrevistas com as bandas e com a própria Heloísa, que serviram para divulgar o evento na Internet.

Hora do show

O concerto começou às 19h do sábado (2), e além de dezenas de jovens, era possível notar algumas pessoas mais velhas. “São os meus vizinhos. Convidei todo mundo por meio de cartas”. A própria Heloísa apareceu com o namorado. “Esse evento e o documentário que vem pela frente vão ajudar a divulgar o trabalho deles. Eles podem entrar no mercado. As músicas são de qualidade!”, disse a vizinha.

O festival reuniu as bandas Juscelino e os Kubtchekers, Charlie e os Marretas, Memórias de um Caramujo, Noite Torta e O Terno. E apesar da chuva, que insistiu em cair estrondosamente e transformou o gramado em uma pista de dança alagada, o evento ficou lotado do começo ao fim.

Pedro, o Mosca, é um dos responsáveis pelo documentário (foto: Ricardo Calabro)
Pedro, o Mosca, é um dos responsáveis pelo documentário (foto: Ricardo Calabro)