Funcionário infarta no Cepe e morre sem receber socorro

Após um infarto durante uma partida de futebol no Cepe (Centro de Práticas Esportivas da USP), um funcionário do Instituto de Física faleceu no sábado, dia 26, por volta das 10h30. De acordo com os presentes, não havia nenhum tipo de atendimento médico ou ambulância do centro esportivo para levá-lo ao hospital.

Seus amigos também reclamaram da falta de maca para levá-lo até uma ambulância emprestada de um evento que ocorria no local. Benedito Conceição Filho, de 51 anos, chegou a ser atendido no hospital, mas não resistiu.

De acordo com Carlos Bezerra de Albuquerque, diretor do Cepeusp, até três meses atrás havia uma ambulância a disposição do centro esportivo por conta de uma parceria com o evento Mundo Kids, que chegou a disponibilizá-la por seis meses. No entanto, foi a única ocasião em que o centro ofereceu o serviço. O diretor afirma que seria financeiramente inviável para o Cepe manter uma ambulância por conta própria.

No entanto, Bezerra afirma que há planos de instalar uma ambulância que ficaria 24h à disposição de todo o campus. O projeto ocorre em parceria com o Cocesp (Coordenadoria do Campus da Capital do Estado de São Paulo), e de acordo com o diretor, já está em “estágio avançado de licitação”, embora não tenha determinado nenhum prazo específico.

O diretor também chama a responsabilidade do governo. “A universidade não está fora do contexto da cidade. O SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) também deveria atender”. De acordo com normas da Secretaria da Saúde, a ambulância do Hospital Universitário não tem permissão para fazer o resgate pois as ambulâncias do hospital são apenas para transporte de pacientes. O serviço de resgate de fato é responsabilidade do SAMU. Bezerra também afirma que, nesses casos, a Guarda Universitária pode ser acionada para prestar os primeiros socorros e chamar o atendimento.

Quanto a um possível atendimento médico dentro do próprio Cepe, Bezerra afirma que já foi pedida ao Departamento de Recursos Humanos (DRH) da USP a abertura de um concurso para médico especializado em medicina esportiva. No entanto, ressalta que seria difícil manter esse atendimento durante todo o funcionamento do centro esportivo, que atualmente vai das 6h45 às 21h30. “É um período muito grande. E ainda há o pedido de criar o horário estendido, que iria até 23h”.

Segundo a diretoria do Cepe, socorro deveria ter sido prestado pelo SAMU (foto: Marcelo Pellegrini)
Segundo a diretoria do Cepe, socorro deveria ter sido prestado pelo SAMU (foto: Marcelo Pellegrini)
Problema recorrente

Não é a primeira vez que falta atendimento médico na USP. Ano passado, um aluno da FFLCH e morador do Crusp foi encontrado morto na Praça do Relógio. De acordo com testemunhas, o estudante desceu do ônibus e desmaiou na praça por volta das 10h, e não recebeu nenhum tipo de atendimento médico. Na ocasião, uma amiga disse ter acionado o SAMU, que não teria viaturas disponíveis no momento. Seu corpo foi retirado apenas seis horas depois.