Novo Modelo do Inclusp se distancia da realidade da escola pública

O novo modelo de Inclusão aprovado pelo Conselho de Gra­duação tem sido acusado de dificultar o acesso dos alunos da rede pública à universidade.

Segundo o mestre em pedagogia pela Faculda­de de Educação, Cauê Nogueira de Lima, a pers­pectiva da universidade de se aproximar da rede pública com aplicação da Fuvest no segun­do ano do ensino médio é equivocada. “O aluno de escola pública é prejudicado pelo desco­nhecimento da própria instituição”, aponta o educador. Porém, questionada quanto as dimensões do projeto, a própria reitoria afirma preferir não estabelecer metas (inclu­sive de divulgação) para o projeto.

Cauê acredita que a queda na busca pela USP tem sido reflexo de um isolamento da universi­dade. O aluno do cursinho ofere­cido pelo Crusp, Victor Rodrigues, sente  na pele esse isolamento. “A sensação é de que a USP está se opondo à escola pública”, desabafa o vestibulando.

Com a chancela de ter sido um dos criadores do Enem, Nilson Machado é con­tra o bônus. Para ele, a solução seria ampliar o acesso à universidade “A USP deveria ser aberta a todos”, explica. Segundo as idéias de Nilson, cerca de mil alunos da rede púbica fariam um pós­-ensino médio na univer­sidade e os que obtives­sem melhor aproveita­mento perma­neceriam em algum curso. A medida compensaria o déficit da rede pública e garantiria um nível educacional a mais a estes alunos. “O ensino médio não vai melhorar de uma hora pra outra. Quem tem que bancar essa transição é a universidade”, defende.

Sobre a graduação, Cauê e Nilson concor­dam sobre a necessidade de um programa de in­clusão após o aluno da rede pública entrar na universidade. “A univer­sidade deve realizar um programa de acolhimen­to destes alunos”, aponta Nilson. Segundo Cauê, um aluno mais pobre tem uma grande preo­cupação com o mercado de trabalho, não tendo condições de esperar quatro anos para come­çar a trabalhar.

Maria José Menezes, coordenadora do Núcleo de Consci­ência Negra, também é contra a nova propos­ta (leia mais sobre o novo Inclusp). “Inclusão social não é uma fórmula matemática”, afirma. A perspectiva para o Nú­cleo, que se opôs às mu­danças desde o início, é de embate. “Pelo o que temos conversado com os funcionários, temos condições de fazer uma mobilização mais forte que a de 2007”, diz Maria José, relembrando o ano em que a Reitoria foi ocupada durante 51 dias.