Risco de acidente nuclear é menor no Brasil

Linha do tempo da Energia NuclearA viabilidade do uso da energia nuclear voltou a ser posta em dúvida após o vazamento na usina de Fukushima no Japão. No Brasil o debate gira em torna da segurança das plantas já existentes (Angra I e II) e do projeto de instalar mais 4 usinas nos próximos anos. A discussão ficou mais acalorada com as declarações do ministro de minas e energia Edson Lobão. O diretor de Radioproteção e Segurança Nuclear da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Laércio Vinhas, ouvido pelo JC, comentou as afirmações.

Lobão declarou que as usinas brasileiras são mais seguras que as japonesas, construídas com a melhor tecnologia existente e que acidentes são inevitáveis “Acidentes acontecem em todos os setores. Aviões têm acidentes, trens têm acidentes”. Para o futuro, ele afirmou, que a segurança não teria de ser revista. “Não temos necessidade de revisão em nada, a não ser aprender com o que ocorreu no Japão. As dificuldades que as usinas de lá tiveram as nossas não terão. As nossas tem uma proteção maior”.

Segundo Laércio, a usina de Fukushima utiliza o sistema BWR (boiled water reactor). Esse é um dos mais antigos em funcionamento e um pouco mais barato. O Brasil escolheu para seus reatores a PWR (pressurizied water reactor), a tecnologia mais comum atualmente, que possui um circuito de refrigeração a mais e que dá uma margem de manobra maior em caso de falta de energia e interrupção da refrigeração, como aconteceu no Japão.

Sobre a declaração de que acidentes acontecem Laércio afirma que qualquer atividade humana é passível de problemas. No caso das usinas nucleares se trabalha com a redução de risco, cujo objetivo é reduzir ao máximo a chance de acidentes. O principal meio de se fazer isso é utilizando diversos sistemas de segurança, que são duplicados ou triplicados. No caso de algum falhar haverá sempre um reserva e no caso excepcional do reserva falhar haverá mais um para substituí-lo. Graças a essa mentalidade, o risco de acidente é entre um em um milhão e um em um bilhão.

No caso do Japão é preciso sempre lembrar que o acidente foi causado por um terremoto e um tsunami de proporções jamais vistas naquele país. Mesmo nessa situação catastrófica dos 20 reatores, 9 não sofreram danos, em 8 a energia foi cortada e os sistemas reservas foram ativados, em 3 houve uma falha total e tiveram der ser utilizados geradores de pequeno porte a diesel.

As explosões vistas nos dias seguintes foram conseqüência da liberação de hidrogênio e de oxigênio. A água, em elevada temperatura, devido à refrigeração deficiente proporcionada  pelos geradores portáteis, se decompõe nesses dois elementos, que tiveram ser liberados na atmosfera para aliviar a pressão. Esses gases são inflamáveis e foram eles que causaram as explosões. Em relação à Angra ele diz que a usina foi construída 2 metros acima da maior onda e maré já registrada nos últimos mil anos.

Governantes do mundo inteiro, ao tomarem conhecimento do acidente, se apressaram em declarar que os sistemas de segurança da suas usinas estavam sendo revistos. Para Laércio ainda não é possível fazer nenhuma declaração sobre os novos planos de segurança, pois os problemas do Japão ainda estão em curso e não é possível aprender nada com isso por enquanto.  Já esta marcado para junho um grande encontro em Viena, sede da AIEA (Agencia Internacional de Energia Atômica), que reunirá todas as autoridades em energia nuclear, especialistas, agencias reguladoras e países membros. O encontro irá definir o que é possível aprender com o desastre no Japão e quais as novas medidas de segurança deverão ser adotadas no futuro.