Terceirizados recebem salário atrasado

Após duas semanas de negociações, os 400 funcionários da empresa limpadora União vão comemorar a Páscoa com o salário no bolso. Hoje pela manhã, a USP distribuiu cheques com o valor integral do salário atrasado a todos os terceirizados.

A distribuição dos cheques ocorreu no Anfiteatro Camargo Guarnieri, na USP (foto: Manoela Meyer)
A distribuição dos cheques ocorreu no Anfiteatro Camargo Guarnieri, na USP (foto: Manoela Meyer)

Segundo Salvador Ferreira da Silva, procurador da USP, o pagamento só aconteceu agora porque a empresa União não possuía fundos suficientes, e a universidade estava legalmente impossibilitada de intervir. Há meses a USP fazia o repasse de apenas 70% do valor referente à prestação de serviços para a empresa. Isso porque a União está inscrita no Cadin (Cadastro de Inadimplência do Estado), o que impede órgãos públicos de efetuar transações monetárias com a mesma.

Para contornar a situação, no dia 11 de abril, os 30% restantes foram depositados em juízo. A expectativa era de que o processo fosse rapidamente avaliado, e o repasse à empresa União ocorresse logo em seguida. Mas até o presente momento, o dinheiro continua sob guarda da 8ª Vara da Fazenda Pública do Estado de São Paulo.

“A boa notícia veio na sexta (15), com o vencimento de diversas faturas da União. Essa verba agregada ao montante que a própria empresa já possuía foi suficiente para fechar a folha de pagamento. Infelizmente não podíamos antecipar esse repasse, por motivos legais. Por isso a demora”, disse Salvador.

Quem recebeu o cheque

Hoje também foi o último dia de trabalho dos funcionários da empresa União, que já estavam trabalhando sob aviso prévio. A expectativa é de que na próxima segunda (25) todos os funcionários recebam os valores referentes à rescisão contratual, incluindo os dias não trabalhados.

“Eu fui uma das poucas funcionárias que recebeu o dinheiro a mais. Falaram que foi por causa da minha licença maternidade. Mas na segunda vou estar de volta, na frente da reitoria, para ajudar meus colegas. Minha irmã, por exemplo, só recebeu o salário atrasado”, contou a funcionária Ana Paula de Morais.

Além dos funcionários que fizeram greve, também receberam o salário aqueles que deixaram a União e concordaram com a contratação em caráter emergencial pela empresa de limpeza O. O. Lima. Eles têm emprego durante os três meses de vigência do contrato, enquanto corre o processo de licitação que vai substituir o contrato com a empresa União.

Patrícia Baptista foi uma das ex-funcionárias que recebeu o salário atrasado. Ela conta que acabou optando por sair da União para entrar na O. O. Lima porque precisava urgentemente de dinheiro. “Meus colegas respeitaram minha decisão. Mas se não fosse a greve, duvido que a gente conseguisse qualquer coisa. Porque terceirizado não é valorizado”.