Alunos de cursos noturnos cobram maior transparência

No último mês de abril, o Conselho de Graduação da USP aprovou a primeira fase do projeto de fortalecimento dos cursos noturnos. Na época foi anunciado um investimento de R$23 milhões destinado à infraestrutura desses cursos.

Porém, desde então, nada mais foi explicado aos alunos e centros acadêmicos da USP. “Nós sempre somos os últimos a ficarem sabendo das novidades”, reclama Virna dos Santos Silva, do Centro Acadêmico de Geografia (CEGE-USP).

Os alunos temem que o investimento seja aplicado em cursos à distância ou em outras áreas que acabem diferenciando o curso noturno do diurno. “Temos receio de que seja alterado o caráter dos cursos noturnos”, afirma Amanda Bonucceli, da atual gestão do DCE, a Todas as Vozes. Um dos temores é de que eles se tornem técnicos, enquanto apenas os diurnos sejam considerados “completos”.

Para ambas as estudantes, o ideal seria investir na permanência estudantil, isso é, em auxílio de moradia, de alimentação e de transporte. A bolsa dada aos estudantes é insuficiente para que eles se sustentem. Na FFLCH ela chega a R$ 300,00. “Muitos alunos noturnos trabalham até oito horas por dia. Quando chegam na faculdade não conseguem usufruí-la como estudantes”, reclama Ricardo Oliveira Santos, estudante da geografia.

Segundo a ideia defendida pelos centros acadêmicos, caso haja um auxílio moradia, como mais vagas no Crusp, os discentes deixariam de trabalhar tantas horas e conseguiriam aproveitar melhor a universidade.

Cursos lotados

Para o Conselho de Graduação, o investimento diminuiria a evasão dos cursos noturnos. No entanto, os estudantes da FFLCH também reclamam da superlotação nas salas de aula.

Segundo levantamento feito pelo Centro Acadêmico de História (CAHIS-USP), algumas turmas têm mais alunos matriculados do que o número de lugares que a sala comporta. A aula do 2º ano de Geografia Humana Geral e do Brasil, ministrada à noite pelo professor Manoel Neto, é realizada em um auditório cuja capacidade é de 186 lugares, porém, a matéria tem 249 alunos matriculados; o mesmo acontece com História Ibérica I, da professora Ana Paula Megiani, com 72 lugares na sala e 96 alunos matriculados.