Carros oficiais da USP transitam sem seguro

De acordo com decisão da Reitoria, os veículos oficiais só possuem o Seguro Obrigatório, causando insegurança nos motoristas

Todas as unidades da USP possuem carros próprios, para os mais variados serviços, desde a segurança do campus, o transporte dos alunos nos ônibus circulares, até pequenas viagens de docentes. “Os veículos não possuem seguro, por determinação da própria Reitoria. Eles contam somente com o DPVAT”, conforme esclarece a Diretora de Relações Institucionais da Coordenadoria do Campus da Capital, Cristina Guarnieri.

O DPVAT é mais conhecido como seguro obrigatório e indeniza vítimas de acidentes com veículos automotores e não cobre danos materiais, apenas os pessoais. “Nunca tive nenhum problema com o carro, mas ter seguro seria um alívio. Nós andamos fora da USP e não tenho como controlar o trânsito lá fora”, de acordo com um motorista que não quis se identificar. Os carros podem sair da USP desde que seja arquivada uma ordem de serviço em sua respectiva unidade.

O funcionário da Poli, Rinaldo Alves, não teve a mesma sorte. Quando estava em Santos, por conta de uma viagem de professores, o carro foi furtado enquanto estava estacionado em uma das principais avenidas da cidade. “Eu levava professores para um congresso quando isso aconteceu. Cada um teve que se virar para voltar pra casa”. No entanto, como não houve responsabilidade do funcionário, ele não foi penalizado: “não tive ordens para colocar o carro em nenhum estacionamento, não tive responsabilidade nisso. Depois tive apenas que fazer um B.O. e uma carta a pedido da coordenadoria explicando o que aconteceu”.

Acidentes

Já em caso de acidentes, é mais comum haver culpa dos motoristas e cabe à Comissão Permanente para Apuração de Acidentes com Veículos Oficiais (COPAVO) apurar cada caso. Quando um motorista da USP causa danos a terceiros, existe um fundo de sinistro que pode ser acionado para cobrir essa despesa, no entanto ele terá que arcar com parte dos custos do próprio bolso, um valor de franquia obrigatória, de 500 reais.

Elizabeth de Jesus Canadas, presidente do órgão, exemplifica: “uma situação bem comum é de um veículo oficial bater na traseira de outro e nisso, quase sempre, o funcionário é o responsável. Se ficou apurado que houve um dano de 3000 reais, o fundo libera 2500 e o restante fica por conta do motorista. Caso fique provado que ele não tem condições de pagar a quantia total, pode parcelar em até dez vezes. Em casos mais graves, como quando o motorista é pego embriagado, a unidade deve arcar com os prejuízos e o funcionário com a demissão”.

Sobre a importância de haver reforço da USP no treinamento dos motoristas, Elizabeth esclarece: “não temos dados precisos mas, de maneira geral, temos percebido que na época em que há treinamento interno os acidentes diminuem. Mas desde 2005 isso não ocorre mais e os casos de acidentes só vêm crescendo”.

Veículos da USP: patrimônios não assegurados (foto: Ana Maria Madeira)
Veículos da USP: patrimônios não assegurados (foto: Ana Maria Madeira)