CoralUSP canta com norte-americanos

O concerto-coral do dia 23 de maio começou bem brasileiro, com can­ções como o folclórico Bumba Meu Boi. Quando o CoralUSP desceu do palco e o grupo de Washington subiu, a plateia ouviu algo diferente: os gêneros folk, american spirituals e músi­cas da tradição local.

A apresentação do Ge­orge Washington Univer­sity Singers trouxe uma amostra variada da cultura dos EUA. Até o beatboxing figurou, com o músico Sam Smith. Ele conta que faz isso desde os 12 anos. “Basicamente, eu ouço o som da bateria e faço meu próprio padrão”, diz.

O grupo do CoralUSP (composto por 11 coros) foi escolhido por possuir um projeto de gravar um CD só de música brasileira. Batizado de Vanguarda, trará canções produzidas para coro, com ênfase na música paulista.

Na parte final, houve uma integração entre os dois corais, cantando, jun­tos, Terra Morena e Praise his holy name. O público aprovou o casamento. “O trabalho conjunto ficou muito bom. Eu me surpre­endi com o nível técnico dos americanos”, diz Rosa Maria Indatillo, coralista que assistiu ao concerto.

Gisele Becker, regente do coral de Washington, conta que recebeu ajuda de um amigo carioca. O grupo passou pelo Rio de Janeiro antes de chegar a São Paulo e fez uma apre­sentação de O rei encanta­do, de José Alberto Kaplan.

Os cantores brasileiros só perceberam que a músi­ca era um pouco diferente no ensaio conjunto. “As pessoas pensam que a par­titura é a música, mas não é. Ela é a planta da músi­ca”, diz Rafael Barrero, há dois anos no CoralUSP. Ele explica que o coral de Washington tinha uma interpretação diferente para a mesma canção.

CoralUSP e Washington Singers cantam juntos (foto: Igor Resende)
CoralUSP e Washington Singers cantam juntos (foto: Igor Resende)

Vozes do mundo todo

Não é a primeira vez que um grupo internacional vem para o Brasil para can­tar com o CoralUSP. Há dois anos, o Coral recebeu um grupo do Japão. Antes disso, já havia recebido um outro coral dos Esta­dos Unidos. “A gente fica muito feliz de conhecer o trabalho de outras univer­sidades”, diz Luciana Sati­ko, cantora do CoralUSP.

Os cantores da USP já fizeram algumas viagens, para participar de festi­vais nos EUA, Europa e África. Além disso, houve participações no Festival Internacional de Coros, em Porto Alegre.

Nem sempre é possí­vel levar os cantores para participações externas. Além dos recursos escas­sos, os membros do Coral são voluntários. “A gente depende muito da dispo­nibilidade deles para as­sumir compromissos”, diz Alberto Cunha, diretor ar­tístico do Coral, que regeu o CoralUSP no espetáculo.

Para Gisele Becker, são essenciais os contatos in­ternacionais que seus co­ralistas fazem. “Eu acho que é parte importante da nossa missão nos conectar com estudantes de outras culturas. A universidade é o lugar perfeito para isso”, diz.

Alberto explica que nem sempre é mantido contato posteriormente, mas a própria apresentação é vá­lida como experiência. “Na ‘pior’ das hipóteses a gente consegue trocar repertório e algumas informações. De qualquer maneira é produ­tivo para nós”, afirma.