Manchete acertadíssima: Violência explode no campus. Tudo bem, alguém ranzinza diria que o verbo aplicado estaria explosivo demais e até sensacionalista para o que o JC conseguiu apurar – três sequestros relâmpagos, um furto de automóvel e um assalto em um circular. Seria pouca coisa em um bairro qualquer da cidade, onde a violência já é quase uma epidemia. No campus universitário da melhor universidade do país é grave sim e justiça o título, além de cumprir a missão jornalística de chamar a atenção das autoridades para o problema.
O texto poderia ter explorado e explicado melhor a informação, fornecida pela própria Guarda Universitária, de que houve redução do contingente de homens no período noturno. Não seria um dos motivos da onda de violência? Quantos guardas seriam necessários? O que foi relegado ao pé da matéria vale uma nova pauta.
Terceirizados
Na página 3, a equipe do JC corre atrás de outro bom e relevante assunto: a penúria dos funcionários terceirizados da limpeza. O problema ocorre em toda a máquina do estado de SP. Mesmo sendo uma publicação que cobre a vida na USP, não custa nada, em reportagens como esta, situar o caso dentro de um cenário mais amplo. Coisa de duas linhas que fazem diferença.
O bom relato dos repórteres poderia melhorar e ficar mais limpo sem o acúmulo de aspas como a do 3º parágrafo. A longa fala na boca do procurador da USP cairia muito melhor em discurso direto no texto. Essa observação vale para a maioria das matérias. O recomendável é que as aspas fiquem restritas a frases de impacto. Para outras informações, cabe recursos como: Segundo Fulano de Tal… De acordo com Sicrano etc.
Bullying
Ótima página a do “Em pauta”. Tem discussão teórica com especialista e tem vida prática de possível repressão também em aulas e assembleias da universidade. Normalmente não se liga o tema bullying ao ensino superior.
Para não deixar de cumprir a minha função de “mala”, acho que a reportagem deveria ter tentando ouvir colegas de sala que testemunharam a suposta agressão da professora ao aluno Fernando (nome fictício). Bastava ter ficado mais atento à defesa da acusada: “Os outros 70 alunos presentes na sala podem declarar isso”, diz ela. Nem que fosse em “off” valeria ter buscado essas testemunhas.
Saudações universitárias e até a próxima.