Grupo de teatro da Sanfran quer ver a verba dividida

Apesar das dificuldades financeiras, problemas para encontrar espaço para seus ensaios e apresentações, o grupo de teatro da Faculdade de Direito da USP está trabalhando em uma nova peça. O elenco pretende apresentar a comédia nordestina O Apocalipse ou o Capeta de Caruaru, de Aldomar Conrado.

O grupo, criado em 2008, ensaia sob os olhos de Silnei Siqueira, figura conhecida do teatro brasileiro principalmente por ter dirigido Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto, em 1965, peça histórica que foi musicada por Chico Buarque. “Sou apaixonado por isso. Durante toda a minha vida, nunca deixei de fazer peças”, conta Silnei, simpatizante do teatro amador.

Parte no latifúndio

A falta de dinheiro é um grande obstáculo para o trabalho do grupo. Recebendo apenas R$500 por mês do Centro Acadêmico XI de Agosto (que tem renda mesal de aproximadamente R$75 mil), o elenco se inscreveu em um projeto chamado de orçamento participativo, também promovido pelo C.A., como tentativa de obter apoio financeiro. “Todos os anos, alunos propõem projetos vinculados à Faculdade de Direito e há uma votação, feita também pelos alunos, para escolher quais projetos que devem receber parte de um dinheiro disponibilizado pelo Centro Acadêmico. Em 2011, R$11 mil serão oferecidos para o orçamento participativo. Dessa quantidade, nós estamos pedindo R$4 mil”, contam os integrantes do teatro. No próximo dia 18, o Centro Acadêmico decidirá a data em que acontecerá a votação.

Silnei monitora alunos do grupo durante ensaio em sala da Sanfran (foto: Arquivo Pessoal)
Silnei monitora alunos do grupo durante ensaio em sala da Sanfran (foto: Arquivo Pessoal)
Em Cena

O elenco já encenou a peça Édipo Rei no pátio da faculdade em 2009 e já fez apresentações até dentro da biblioteca, mas a falta de dinheiro e a difícil relação com a diretoria sempre foram agravantes para manter as apresentações. “Chegamos a pagar seguranças particulares para podermos nos apresentar e não pudemos cobrar ingresso”, conta Maurício Soares Filho, integrante do grupo, diretor de Édipo Rei e professor de Literatura no curso pré-vestibular Anglo. Isso porque o diretor da Faculdade de Direito na época, o atual reitor João Grandino Rodas , exigiu que houvesse o serviço de segurança e proibiu que se cobrasse pelos ingressos, sob o argumento de que a faculdade é um espaço público.
Para O Apocalipse ou o Capeta de Caruaru, o elenco está estudando uma parceria com o Teatro da Universidade São Paulo (TUSP) para realizar suas apresentações. O início da temporada está previsto para setembro, e a expectativa é a de que as apresentações durem máximo de tempo possível no local.

Uma reunião no TUSP está marcada para o próximo dia 16, para discutir a parceria. “Essa peça não pode ser apresentada no pátio da Faculdade como foi Édipo Rei. Precisamos de figurino, cenário e outros detalhes. O custo de uma apresentação assim sai por 50 mil reais”, calcula Silnei.