Hospital Dia do IPq ajuda na reinserção social de pacientes

Diferente da internação comum que apenas visa a eliminação dos sintomas do paciente com deficiência mental, o Hospital Dia Adulto, do IPq (Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP), adota um tratamento multidisciplinar de reinserção social. Com o trabalho de médicos, psicólogos, educadores físicos, terapeutas ocupacionais, enfermeiros e até antropólogos, o paciente passa por uma rotina de atividades que o ajuda a lidar novamente com a sociedade.

Hoje, 35 pacientes passam pelo tratamento. Eles frequentam o hospital quatro vezes por dia, das 8h às 16h. “Cada um tem sua própria grade horária. Tem atividade física, musicoterapia, grupo de jornal, meditação, literatura, psicologia e até discussão sobre relacionamentos seguros com o Dr. Marco Scanavino, para auxiliar os pacientes a terem uma vida sexual saudável”, conta o diretor do hospital, Renato Del Sant. “Fazer o tratamento aqui foi um passo inicial para ter uma atividade cotidiana”, conta um dos pacientes.

Mas as atividades não são apenas rotineiras. Através delas os participantes aprendem a ter independência social: na convivência com a família, na responsabilidade com o dinheiro e o emprego e também no relacionamento afetivo e religioso.

Del Sant explica que quando o doente mental tem atividades e responsabilidades sociais, a tendência é que a doença não volte à fase aguda. “Aqui no hospital, os pacientes trabalham no setor de informática, de registro, de portaria e de nutrição”, conta o médico. Ele também acredita que apesar de o tratamento ser mais caro a curto prazo, no final ele sai mais barato do que os programas do governo que se limitam a dar remédios anti-psicóticos atípicos aos doentes, e chegam a custar até R$ 1.200 por mês.

Adriana (nome fictício), uma ex-paciente do hospital, tomava seis medicamentos por dia na época aguda de esquizofrenia que a manteve por dez anos trancada em um quarto. Hoje, ela apenas precisa de um dos remédios e cursa uma faculdade de pedagogia.

Atendimento especial

Depois de passar por tratamento nas enfermarias ou ambulatórios, os pacientes dependem dos Caps (Centros de Atenção Psicossocial). O problema é que muitos deles não são aparelhados adequadamente e o paciente acaba ficando sem acompanhamento ou até mesmo sem medicação. Por conta disso, alguns doentes são indicados para o Hospital Dia, onde profissionais de diversas áreas trabalham diariamente para que o paciente volte a ter uma vida regular na sociedade.

Os diagnósticos médicos são revistos e algumas vezes, acabam sendo diferentes do que foi dado nos ambulatórios. “Na fase aguda da doença, o paciente está agitado e conversa pouco. É difícil diagnosticá-lo com consultas semanais de poucas horas”, explica Del Sant. Já no Hospital Dia, o paciente está sempre sendo avaliado em atividades cotidianas.