Onda de assaltos coloca em xeque segurança no campus

Nos últimos dias a USP vivenciou uma onda de casos de sequestro relâmpago e violência dentro do campus Butantã. O Jornal do Campus conseguiu apurar pelo menos três sequestros relâmpagos, um furto de automóvel e um assalto em um circular.

Os casos de sequêstro, que mais chocaram a comunidade USP, têm em comum o fato de ocorrerem no período noturno e as vítimas-alvo são, na maioria das vezes, pessoas de carro. A abordagem é sempre a mesma. Dois homens chegam no carro quando a pessoa está saindo. Mandam-na para o banco de trás, passam a dar voltas pela universidade em busca de um caixa eletrônico.

Foi assim com Carlos (nome fictício), abordado quando saía do estacionamento da FEA, por volta das 0h30. Ele conta que, apesar do susto, sentiu uma certa falta de preparo dos seqüestradores. “Eles não sabiam que o P3 fechava depois das 0h e nem que os caixas-eletrônicos param de funcionar às 22h”, conta a vítima. Assustado, Carlos pede para que não seja identificado.

Um segundo caso foi o de Cristiano Tavares Malheiro, aluno de pós-graduação da FIA. O seu carro, um Gol modelo 2003, foi furtado enquanto o estudante assistia a aulas de idiomas na FFLCH, entre 14h30 e 17h30, sem que ninguém percebesse o furto. Revoltado com o ocorrido, Cristiano estuda uma maneira de processar a universidade pela falta de segurança no campus. “Não queria deixar isso passar em branco. Assim como perdi meu carro, outros poderão vir a perder”, explica.

Poder de polícia

No dia 4 de abril, através do USP Destaques, a reitoria manifestou que iria buscar uma solução para a questão da violência através de reunião do Conselho Gestor, no dia 3 de maio. Até lá, ela não efetuou nenhuma medida provisória, nem pode se manifestar sobre a questão, segundo a assessoria de imprensa.

O editorial gerou descontentamento de setores da Guarda Universitária. Robinson de Oliveira compõe o corpo da Guarda há mais de 9 anos e exige Direito de Resposta para a Reitoria, em razão do artigo. Em documento, Oliveira contesta que funcionários da GU não possuam poder de polícia.

De acordo com o artigo 78 do Código Tributário, qualquer funcionário público possui poder de polícia. “Sabemos que a formação de nosso Reitor é Jurídica e ele deve muito bem saber que o que digo é bem verdade”, diz Oliveira em seu Direito de Resposta. Oliveira diz ainda que, com o editorial, o Reitor retira da esfera de atuação da Guarda todo o respeito e respaldo conquistados e exige retratação.

Robinson ainda ressalta que os funcionários da Guarda encontram-se sem regulação trabalhista. Contratados como Assistentes de Vigilância, não se enquadram em nenhuma categoria e não estão relacionados no catálogo de profissões da Superintendência das Relações do Trabalho e Emprego, antigo DRT.

Procurados pelo JC para entrevista por volta das 18h, um agente da Guarda Universitária relatou que, a partir desse horário, todos os guardas estavam de plantão nos postos, em função da redução do contingente no período noturno.

Estacionamento da FEA, onde ocorreu um dos casos de sequestro relâmpago (foto: Cleyton Villarino)
Estacionamento da FEA, onde ocorreu um dos casos de sequestro relâmpago (foto: Cleyton Villarino)