Roberta Borsari, 38 anos, é pioneira. Já tinha sido a primeira mulher a surfar nas fortes ondas de Galápagos. Em abril, no rio Araguari, em Macapá, se tornou a primeira a encarar uma pororoca a bordo de um caiaque. A atleta treina na Raia Olímpica da USP, onde concedeu a seguinte entrevista.
Jornal do Campus: Como foi surfar a pororoca?
Roberta Borsari: Foi uma das coisas mais incríveis que já fiz. É a maior pororoca do mundo, com ondas de mais de três metros. Fui com uma equipe super profissional. Em Macapá, a gente se embrenhou na selva. Montamos uma verdadeira operação de guerra para surfar essa onda. Ela tem um barulho muito forte, vem arrastando tudo por 40 quilômetros. Foi um grande desafio, pois nunca um caiaque a tinha surfado.
JC: E como se preparar?
RB: O mais louco é que a gente não tinha onde treinar, era na onda mesmo, então era aquela coisa: nada podia dar errado Fizemos uma série de testes. No primeiro, o caiaque era puxado pela corda, mas era difícil fazer curvas bruscas. Depois, a gente usou uma prancha de resgate, o slead, que foi muito útil.
JC: Qual a diferença entre surfar em um caiaque e em Jet Ski ou pranchas?
RB: Com o caiaque, se a onda te pega, se você ficar preso na espuma, a possibilidade dela te prender e te arrastar é muito maior do que com uma prancha ou um Jet Ski. Se acontece algo, você tem que se ejetar do caiaque e corre o risco de perder o equipamento.
JC: Além do feito inédito, o que mais trouxe da experiência?
RB: É uma experiência bacana conhecer a selva, os ribeirinhos. É um contato com a nossa realidade.
JC: Qual sua relação com a USP?
RB: Eu tenho um vínculo emocional com a universidade, pois a frequento desde pequena. Meu pai já foi professor aqui. Hoje, treino na Raia quase todos os dias, serve como válvula de escape para mim, que moro no meio do concreto e pratico caiaque surfe.