Show traz mistura de samba, jazz e workshop

O cantor e produtor Jairzinho fará apresentações gratuitas no campus, com palestras sobre mercado fonográfico nesta sexta-feira
Filho do cantor Jair Rodrigues realiza shows-workshop na USP (foto: Patricia Ogando)
Filho do cantor Jair Rodrigues realiza shows-workshop na USP (foto: Patricia Ogando)

Dois shows de Sambazz seguidos por bate papo sobre produção musical acontecem essa sexta-feira, dia 13, no Anfiteatro Camargo Guarnieri. O responsável é o cantor, compositor, multi-instrumentista, arranjador e produtor musical Jair Oliveira, que encantou uma geração no grupo Balão Mágico. Formado em produção musical e music business pela Berklee College of Music, em Boston, o moço de sorriso fácil compartilha sua experiência em dois horários: 16h e 21h. As apresentações fazem parte do projeto Sambazz: workshop show, baseado no livro/cd Sambazz de Jairzinho, e que leva a dobradinha show mais palestra sobre o mercado fonográfico para estudantes. Na USP, a Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária realiza, além das apresentações dessa semana, outras duas em Ribeirão Preto no dia 16 de junho.

Jornal do Campus: O repertório do show vai ser só com base no Sambazz?

Jair Oliveira: Eu faço um pocket show do Sambazz. Nesse formato com a palestra, eu tenho que fazer no máximo sete músicas pra dar uns trinta, quarenta minutos. Acabo reunindo mais desse disco e uma ou outra música que o pessoal sempre pede como Bom dia, anjo, Tiro onda, de discos anteriores. É só pra começar o evento com música, depois falo mais sobre produção músical, que é a ideia básica desse livro/cd. No livro, acabo falando um pouco mais sobre composição também, na palestra eu decidi falar mais sobre produção, que já é um tema bastante extenso.

JC: O que o público pode esperar da palestra?
JO: Isso. Na palestra falo mais sobre produção mesmo e não especificamente do Sambazz. Dou um panorama geral do que faz um produtor e das coisas que estão sob sua responsabilidade. As técnicas (de produção: masterização etc) eu menciono, mas não fico perdendo tanto tempo. Nunca pensei nessa possibilidade de me tornar um professor de produção, mas quem sabe a gente acabe fazendo uma master class, ou um curso rápido de produção para poder oferecer isso também. Eu acho importante. No Brasil tem poucos cursos, alguns bons, mas são poucas ams instituições de ensino que oferecem, geralmente quando oferecem são escolas privadas. Dentro do currículo do ensino publico superior, acho que tem pouco.

JC: Quanto a iniciativa desse projeto, foi ideia sua ou você foi convidado?
JO: A minha decisão de fazer esse tipo de livro e de palestra, é tentar ajudar na divulgação do lado dos bastidores da canção, que eu acho tão importante quanto o outro, que é o lado que fica sob os holofotes. Acho que o processo de produção de um cd ou de qualquer música gravada é muito misterioso, principalmente aqui no Brasil. Tem pouco material sobre o assunto e isso é muito ruim. Leva até a certos equívocos de conceito até em relação a pirataria, das pessoas acharem que os únicos beneficiados na música são os cantores.

JC: Esse projeto foi baseado em alguma experiência que você viu?
JO: Sim, claro! Na minha época de Berklee, acho que as coisas mais interessantes pra eu aprender alguma coisa sobre o mundo real da música eu vi nas palestras com caras que já estavam trabalhando no mercado há muitos anos, que tinham um certo nome nos bastidores da música. Como aluno, eu sempre gostei muito dessa oportunidade, sempre ficou na minha cabeça.

JC: Esse CD parece destoar um pouco dos seus outros álbuns na questão do estilo e do gênero…
JO: Musicalmente? Não. É que esse ficou mais claro pelo título, essa união do samba com o jazz eu sempre carreguei comigo, desde o meu primeiro disco como compositor em 2000, que é o Dis’ritmia. Sempre tem muita influência de jazz e de samba, que é minha principal influência, até porque eu nasci já num berço de sambista, né? (seu pai é Jair Rodrigues). E aí estudei numa faculdade que até então era tipicamente jazzística e sempre ouvi muito jazz, sempre gostei. Aliás, talvez hoje em dia seja o estilo que eu mais goste de ouvir no carro, em casa. O lance é que, nas rádios, as músicas que geralmente são escolhidas para tocar são sempre as influenciadas pelo R&B romântico, o que acaba dando a impressão de que essa era minha influência musical.