Vitória do corpo que cai

Os conhecimentos da profissão não foram muito úteis quando a enfermeira Vitória Régia caiu do quinto andar do Bloco C do Crusp. “Fiquei totalmente inconsciente. Só lembro de estar tirando uma foto perto das escadas do apartamento de um amigo que mora lá e depois acordar no hospital. Caí por descuido meu. Inventei de sentar no corrimão e acabei despencando no vão do prédio”, conta.

Há pouco mais de um mês do ocorrido, o que impressiona é a disposição de Vitória, que experimentou um tombo de 15 metros. Sobraram apenas alguns hematomas e uma dor no pulso, que ela está curando com fisioterapia. “Fui levada pelo SAMU até o Hospital Universitário, onde fiquei internada por quatro dias mais por conta de um pneumotórax. Saí de lá ilesa, sem nenhum dreno”. Pneumotórax é um acúmulo anormal de ar entre o pulmão e uma membrana que reveste internamente o tórax, que pode comprimir o pulmão e causar dificuldade para respirar.

Obra das alturas

A maior vitória da moça (que tem o nome mais acertado possível) foi não ter sofrido uma fratura sequer: “os médicos me disseram várias vezes que meu caso foi inacreditável, que havia grandes chances de morte. Se eu atendesse um caso como o meu, ficaria impressionada. Quem viu a cena diz que as bicicletas estacionadas no térreo que me salvaram. Se eu caísse diretamente no chão, o impacto seria maior”. O argumento não convence, mas na falta de histórias que expliquem racionalmente esse caso, as bicicletas até servem bem…

Mas a questão pode estar tanto no terreno dos milagres, quanto dos problemas terrenos, pois as partes inferiores das escadas são todas abertas, criando um vão do primeiro ao último andar, o que causa grande insegurança. “Como o Bloco C é habitado por muita gente de pós-graduação, ele é o prédio por onde passam mais crianças. A altura dos corrimãos não é suficiente para impedir que uma criança suba lá e caia, como aconteceu comigo. Não fiz nenhuma reclamação com a associação de moradores, pois estava apenas visitando um amigo, mas acho isso uma causa importante”.

Vão entre escadas por onde Vitória despencou (foto: Ana Maria Madeira)
Vão entre escadas por onde Vitória despencou (foto: Ana Maria Madeira)