Chorinhos na USP reúnem músicos e curiosos

Rodas de chorinho formadas por alunos são atrações culturais frequentes nos espaços de vivência da ECA, Biologia e FFLCH

Vários marmanjos barbados que se encontram para chorar. O que soa como uma reunião emo sentimental, na verdade, são as rodas de chorinho que acontecem semanalmente na Universidade.

Todas as semanas, um grupo se reúne na ECA e na Biologia para tocar. Às vezes, rola chorinho na FFLCH, mas sem calendário fixo (ver abaixo). Irmão do samba, o choro é um ritmo musical alegre (apesar do nome) e, dentro da USP, permite fazer um estudo antropológico de seus participantes.

Cara de sambista, chapéu e instrumento na mão, os músicos são a parte mais importante da noite. “O chorinho, na minha vida, foi um acaso. Quando comecei a estudar, meu professor foi me direcionando para esse caminho. Hoje, toco violão de seis cordas na roda da ECA”, conta Guilherme Ramos, mais conhecido como Kafé.

É comum confundi-los com as figurinhas carimbadas, que batem cartão na roda de choro preferida. Normalmente, eles também têm cara de sambista, mas falta o violão embaixo do braço. Variantes femininas são aceitas, sempre com o vestido rodado e a sandália de couro característicos.

“Quando posso, venho pra roda. Limpa a alma”, diz a aluna Mariana Romeu, na roda da Bio. Sua amiga parecia fascinada com as pessoas entoando Carinhoso a plenos pulmões. Era a primeira vez que estava lá.

Juliana Miranda, a amiga, que não estuda na USP, faz parte do maior grupo da noite de choro: os curiosos. Amontoados de alunos com preguiça de ir à aula, funcionários com preguiça de voltar para casa e perdidos em geral entram nessa conta. “Eu adorei, é lindo! Falta coisas do tipo em São Paulo”, suspira Juliana.

Esse parece ser o lugar comum entre as rodas. Para Fábio Graziano, que já tocou em todos os grupos, o estilo é posto de lado por ser mais difícil de acompanhar e entender. “É complexo apreciar. O choro é diferente das músicas que a cultura de massa valoriza.”

A USP, portanto, teria um papel de universo paralelo, onde o ritmo é apreciado sem ressalvas pela comunidade. “Quando o choro começa na universidade, as pessoas se encantam independente de credo, cor ou cargo”, completa.

E o chorinho resiste bravamente. Parte dessa sobrevivência se dá porque as rodas da ECA e da Bio não são iguais. Além dos músicos não serem os mesmos, a galera da Comunicação e Artes faz a roda perto da vivência. Já a Bio tem o troféu de choro mais antigo do campus. Eles acendem uma fogueira, têm pizza e litrão de cerveja. Igual mesmo, só as influências e os compositores, que vão de Pixinguinha a Jacob do Bandolim.

Grupo de chorinho da ECA, que inclui alunos do curso de Música, se apresenta na unidade (foto: Leonardo Maran Neiva)
Grupo de chorinho da ECA, que inclui alunos do curso de Música, se apresenta na unidade (foto: Leonardo Maran Neiva)

Chorinho na ECA

Quando: às terças, a partir das 18h
Onde: na Prainha ou na Vivência

Chorinho na Bio

Quando: às terças, a partir das 20h30
Onde: próxima ao CA

Chorinho na FFLCH

Quando: sem dia e horários fixos
Onde: no Morrinho, próximo aos prédios da História e da Geografia