Professora da FEUSP não agrediu aluno, dizem colegas

Em matéria veiculada na edição nº 378 pelo Jornal do Campus, Alunos alegam sofrer repressão também em aulas e assembléias, o aluno Fernando Araújo Soares (nome fictício), 34 anos, do curso de Filosofia, acusou a professora Marília Pinto de Carvalho, 51 anos, de tê-lo agredido verbal e fisicamente em sala de aula no dia 5 de abril. Porém, a docente, que ministra a aula de Política e Organização da Educação Básica na Faculdade de Educação e tem 22 anos de docência na USP, foi defendida por seus alunos, que alegaram que a agressão relatada por Fernando não aconteceu.

Ao procurar o JC para explicitar o que de fato teria ocorrido, estudantes da turma de Fernando contaram que o colega se retirou da aula por conta própria – e não foi segurado pelo braço e empurrado pela professora, como alegou –, após interromper o andamento das atividades propostas durante o horário da disciplina. “Ele pareceu ser muito engajado politicamente, e falou durante mais de vinte minutos que a turma estava sendo pouco crítica em relação ao conteúdo apresentado em sala de aula”, conta Laiz Colosovski Lopes, do 4º ano de Letras. “Mas não havia tempo para o debate que ele estava propondo”, diz. Mesmo assim, Laiz disse que a professora se mostrou solícita diante das colocações de Fernando, mas destacou que a aula deveria prosseguir.

O aluno Luiz Alberto Ornellas Rezende, do 4º ano de História, diz que não houve nenhum tipo de repressão ao colega, mas sim respostas ao debate incitado pelo mesmo, além de pedidos para que outros colegas pudessem manifestar suas opiniões.

Entrevistada novamente pelo JC, a professora reforça as colocações de seus alunos. Ela ainda afirma que Fernando teve a palavra “cassada” após se manifestar de forma ininterrupta, sem deixar que os colegas de turma também opinassem. Marília enfatiza que não solicitou em nenhum momento que o aluno se retirasse da sala. “Porém, quando se retirou, ele continuou manifestando sua opinião pelo corredor, em voz alta. Por isso, eu pedi licença e fechei a porta da sala e dei prosseguimento à aula”, conta.

A professora ainda desconfia do boletim médico apresentado pelo estudante, que alega que Fernando estava sofrendo de estresse pós-traumático logo após o incidente. “O boletim data do mesmo dia da aula. Eu sou bastante leiga nesse tipo de assunto, mas sei que um transtorno de estresse pós-traumático não pode ser diagnosticado no mesmo dia em que ocorreu a situação que o causou”, justifica a docente, que conta que o boletim foi apresentado à FEUSP poucas horas após a aula.

Raquel Garcia, aluna do 5º ano de História que também estava presente na aula do dia 5 de abril, diz que não sabia qual era o objetivo de Fernando ao interromper a aula. “Pareceu, por um momento , que ele estava querendo chamar atenção, tentando fazer com que a situação chegasse até onde chegou”. Ela ainda relata que não houve agressão e que a professora, de fato, não conduziu o estudante para fora da sala. “Ele saiu por vontade própria e disse que reivindicaria os direitos dele, para poder se manifestar.”

A sindicância aberta para apurar o caso foi solicitada pela própria Marília. “Avisei a turma, já que pelo menos dois deles vão ser convocados pela Reitoria para dizer o que eles viram que aconteceu no dia”. Laiz, Luiz e Raquel contam que a professora não persuadiu os estudantes a depor em seu favor, mas pediu que eles relatassem sua própria versão dos fatos. A estudante também conta que, ao presenciar a situação, jamais esperaria que o incidente traria grandes repercussões.

Segundo Marília, Fernando não retornou mais às aulas da disciplina desde o incidente.